Movimento parado

Estamos vivendo um período muito peculiar do ano; ele se caracteriza, no dito de José Sarney, pelo “movimento parado”.

No mundo sindical prepara-se a grande comemoração do 1º de Maio, antecipadamente reconhecida como a maior do mundo. Embora diversificada – por centrais sindicais, regiões e categorias – ela é eminentemente unitária em suas proposições e reivindicações e reflete a fase de ascenso do movimento. Persiste em Brasília a luta para a aprovação da política permanente do salário mínimo, do reajuste das aposentadorias (com uma vitória já, a do aumento real para todos os aposentados) e da redução constitucional da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução dos salários. Avançam no Congresso Nacional e se consolidam as propostas referentes à contribuição de negociação e à estabilidade dos dirigentes. Deste mato brasiliense ainda pode sair coelho…

As centrais se articulam na preparação do grande evento unitário de 1º de junho no Pacaembu. Com uma concepção abrangente e inteligente sobre a necessidade de uma plataforma única para os trabalhadores nos embates eleitorais, as direções, com responsabilidade, cuidam de elaborar os documentos necessários.

E, com o crescimento acelerado da economia que possibilita ganhos reais de salários e garante a criação recordista de empregos, os trabalhadores começam a perceber a necessidade de campanhas emergenciais para aumento de renda. Embora as prestadoras de serviços para as empresas de telecomunicações continuem dificultando as negociações da data-base de 1º de abril, o Sintetel tem realizado manifestações nos locais de trabalho, garantindo a mobilização necessária.

As entidades mais combativas e atentas à mobilização realizam, neste período, eventos de peso acumulando pontos em seu próprio fortalecimento. Vou citar apenas o exemplo do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo que, em uma semana, anunciou o projeto de criação de um instituto de ensino superior tecnológico (que conta, desde já, com a participação da Alemanha e do ministério brasileiro de Ciência e Tecnologia), realizou a grande reunião anual de negociação coletiva com os dirigentes sindicais e os dirigentes das empresas e recebeu para café da manhã o presidente da Força Sindical e deputado federal Paulinho.

O “movimento parado” não quer dizer que nada acontece. Reflete a conjuntura em que se acumula força.

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