Muito chão pela frente

Hoje, quinta-feira, 17 de fevereiro, os cabeças de planilha começam para valer sua cruzada para dar um cavalo de pau na economia e reduzir o crescimento do PIB para 3,5% ao ano com tudo o que de negativo isto representará para nós e para o governo da presidente Dilma.

A luta pelo valor do salário mínimo ou, o que é essencial, a luta para garantir o objetivo estratégico do acordo de sua valorização, passa por um momento difícil.

Hoje, fala-se em “cumprir religiosamente o acordo”, desprezando os seus pressupostos e objetivos e derrotando – em nome do rigor fiscal e do combate à inflação – qualquer veleidade de aumento forte para o mínimo.

Passada a refrega, com o valor do mínimo sendo “controlado”, soarão as trombetas do retrocesso: cortes de gastos públicos, enrijecimento fiscal, redução do crédito e… aumento da taxa Selic.

Se, valham-nos os deuses, conseguirem o que querem chegaremos a dezembro com um crescimento pífio. E aí, então, haverá a nova toada de que o acordo é irrealista e não poderia ser mantido porque a economia não crescera e não suportava tal esforço.

De todo modo a condução estratégica, por parte do governo, do aumento do salário mínimo foi muito errada. Para começar, evitou-se a discussão e um acordo ainda no ano passado e em seguida impôs-se quase sem discussão, um valor irrisório sem nenhum aumento real significativo (se vigorassem os R$ 540 haveria perda!). Criou-se um clima de “Guerra Santa” em que se substituiu o convencimento pela ordem unida e pela contagem de cabeças. O resultado foi oferecer a uma oposição desorientada, dividida e sem projeto, um palanque e uma alavanca para tentar confundir a direção dos trabalhadores.

Não posso deixar de reconhecer, como Lênin, que na luta econômica os trabalhadores ficaram isolados. Mas há muito chão pela frente e deve ser pisado com cautela: garantir a unidade de ação, preservar os espaços de poder conquistados, aumentar a combatividade e, com segurança, buscar uma plataforma de resistência em defesa do desenvolvimento econômico, melhores salários e distribuição de renda e combate aos juros altos.

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