O Apagão do BraZil

O “apagão” do Ministério da Saúde não é surpreendente. Se é que de fato houve, porque com esse governo nada parece ser verdadeiro

Foto: Agência Brasil

Como explicar que um sistema de monitoramento, que consiste em boletins com atualização de dados epidemiológicos, o InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), esteja simplesmente “apagado” há mais de trinta dias, provocando dificuldades de planejamento do combate à pandemia, por parte dos governadores e prefeitos, dado que esperar alguma ação do ministério da Saúde, com o “filho” de Michelle Bolsonaro, o Queiroga, parece ser perda de tempo.

De acordo com o governo, não houve problema com os dados, mas com a publicação deles, o que chega a ser ridículo, pois sem a informação, não há a mínima possibilidade de se fazer planejamento. O “apagão” se deu, ora vejam, no momento em que a ômicron, variante bem agressiva, embora menos letal, da Covid-19 começava a se espalhar e que o governo começava mais uma das suas batalhas, a de impedir a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos.

O recrudescimento da pandemia abalou os alicerces das ações dos governos, em nível mundial, que já encaminhavam decisões para o retorno às atividades econômicas presenciais, muito pressionados pelo crescente número de opositores a qualquer tipo de controle, por parte do governo, para que se possa ter alguma resposta aos efeitos da pandemia. As manifestações, claramente incorporada pelos grupos reacionários e fascistas, tem dado dor de cabeça aos governos europeus, talvez porque nesses países não se tenha uma “cultura das vacinas”, ao contrário do nosso.

Foto: Picture Alliance

E a economia, que muitas polianas achavam que se recuperaria em 2022, como se os efeitos da devastação provocada por Bolsonaro estivessem circunscritos ao negacionismo, o que é uma piada, foi novamente impactada por essa nova onda da pandemia e de gripe. A “não política econômica”, implementada desde janeiro de 2019, jogou o país numa situação caótica, com os agentes econômicos, pelo menos os mais fortes, retraindo seus investimentos, principalmente no setor industrial, mas, nessa nova onda, o setor de serviços, que nesse período costuma a acumular ganhos devido às férias, foi drasticamente atingido.

Já no final de 2021 as projeções para o crescimento do PIB desse ano recuavam. O Ipea reduzira de 4,8% para 4,5%; o Banco Central de 4,7% para 4,4%. Lembrando que o PIB de 2020 caiu 4,1%. O país termina em 2021 e começa 2022 numa profunda crise recessiva; com a Bolsa de Valores, medidor do nosso capitalismo de araque, comum dos piores desempenhos globais; com uma taxa de câmbio desvalorizada; desemprego gigantesco, já provocando um verdadeiro exército de “desalentados”; milhões de pessoas refugiadas na informalidade, sem eira nem beira; com os pequenos negócios vivendo em situação de terror permanente; inflação em dois dígitos, etc. O “apagão” do Ministério da Saúde não é surpreendente. Se é que de fato houve, porque com esse governo nada parece ser verdadeiro, mostra a completa incapacidade de gerir o Estado. Isso num país em que está no fundo do poço, já seria péssimo, mas ainda teremos mais um ano com o governo cavando o poço

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