O DNA da arte do genial Michel Jackson

Gary cidade operaria do Estado de Indiana, uma família de negros caracteristicamente bem numerosa mantida de forma rude pelo pai, um metalúrgico da indústria de auto-peças. O pomposo “New Deal” da classe média e elite branca passava longe de contemplar os

Desta camada da população tudo era usurpado: sua força de trabalho, seus sonhos, seus direitos e até sua cultura e arte como havia ocorrido recentemente com o Rock n’ Roll. É neste cenário que nasce Michael Jackson, que se transformaria no personagem mais singular que se pode chamar “um grande astro”.


 


A infância de Michael, período marcante pra qualquer pessoa, se deu em meio ao turbilhão da década de 60. Fervia nos Estados Unidos o levante da população negra nos episódios que viria a ser chamado de luta pelos direitos civis. A arte, que sempre acompanha a evolução da vida, se desenvolvia em ritmo frenético e se revestia destes ideais.


 


A escala musical do Blues e do Soul que mantinham sua originalidade na tonalidade recebe uma elevação auxiliada pela ascensão da era eletrônica, e com a agressividade da luta dos Panteras Negras, surge também um ritmo mais agressivo nas letras, nos trajes e na dança, o Funk Music.


 


A idéias de Malcom X, Matirn Luther King, dos Panteras Negras aliada a arte de James Brown, George Clinton, Jimmy Borrone, Barry Whaite, Isaac Hayes e tantos outros, pavimentaram o caminho. A família Jackson alimentava novos sonhos e deslumbravam novos horizontes, o talento estava sendo desenvolvido.


 


As composições e musicais criados pelos Jackson Fives ganharam espaço. Levavam consigo todas esta cargas que traziam de seu mundo e realidades. As crianças negras ganhavam com eles a representação de suas próprias imagens saindo da invisibilidade. A família negra norte americana se apaixonou por aquela família e se tornou seu público fiel. A lendária gravadora Motown Records comprou a idéia, a rede americana ABC também comprou e criou o seriado de desenhos, e cada vez mais os espaços iam sendo ocupados. Agora já era uma certeza. As imagens dos Jackson Fives, as coreografias, a indumentária, os estilos e a voz do pequeno Michael já estavam cristalizados nas mentes por todo mundo.


 


Ainda na adolescência, produtores musicais notaram o talento destacado de Michael e investem na sua carreira solo. Ele explode no mundo da música com Don’t Stop ‘ Til You Get Enough.


 


Trazia na voz a levada, a melodia, o timbre e arranjos das melhores safras da música negra. Marcava o contra passo do ritmo com um grito agudo como fazia James Brown. Na dança, marca registrada que o imortalizou, carregava um legado de saltar e balançar os quadris (na gíria significa hip-hop) utilizando-se dos braços para equilibrar o corpo na harmonia da música e deslizava os pés para fora e para dentro passando um por cima do outro como também fazia James Brown.


 


Isto justifica o porque de Michel Jackson ajoelhar-se diante de James Brown na festa organizada para comemorar os 25 anos do álbum “Thriller” de Michael Jackson que bateu 100 milhões de cópias vendidas, marca talvez insuperável por outro artista.


 


O próprio passo “moonwalk” não foi invenção de Michael Jackson como muitos falam. É um passo de “Break Dance” criado pelo hip-hop nas ruas onde recebe o nome de Boogie, assim como a luva branca na mão ele também buscou nos dançarinos de break.


 


Gênio pode não criar, mas o que cai nas suas mãos e também neste caso nos pés, ele aperfeiçoa.  Ao Michael Jackson se deve o mérito de ter observado o potencial de tudo isto, juntado com seu talento, e utilizando-se do avanço tecnológico rompeu fronteiras sendo o primeiro artista a levar toda esta cultura e arte genuinamente negra e popular pra MTV.


 


E na questão de música pra TV, pertence a Michael Jackson a revolução do vídeo clip. O que antes só se resumia a imagens estáticas ou gravações de shows foi transformado por ele em roteiro, em filme original onde a música se torna trilha sonora de uma história original em sintonia com a letra.


 


A sua coreografia solo de palco conquistou multidões e talvez tenha sido o artista mais dublado da história da humanidade. Programas de televisão em todo planeta criaram quadros exclusivos de imitação das coreografias de Michael Jackson, o que se espalhou até em festas de garagem por todos os cantos.


 


Guspa pro alto quem quando garoto vivendo a década de oitenta não tentou dançar sequer um passo da coreografia da música Billy Jean.


 


Não vou entrar nos méritos do que aconteceu depois com a vida desta pessoa. Mas sabemos que o posterior também tem seus genes, que vem deste sistema que corrompe, se apropria, plastifica, empalidece e te vende num embrulho.


 


Mas aquela arte genial não é nata, e sim legada de um habitat natural, da realidade e aprendizado em comum, de sofrimentos, alegrias e sonhos em comum.


 


Michael Jackson sabia disto, a prova está na sua gravação de vídeos clips no Brasil em que os palcos escolhidos foram o Pelourinho em Salvador e o morro Dona Marta no Rio de Janeiro. Nestas oportunidades mesclou sua música e dança com a música e dança local, mais que isto, dormiu nestes locais, comeu nestes locais e tentou beber destas fontes.


 


Não estou tentando tornar mais humano um Astro, um semi-Deus, um Rei empossado pela indústria da produção artística. O capitalismo tratou de fazer de Michael Jackson “a coisa”, como querem fazer com quem eles acharem do seu interesse, mas a arte que Michael Jackson fazia com grande genialidade, ahhh…!  Esta podem ter certeza que são nossas.


 


Pra assistir acessem o link: http://www.youtube.com/watch?v=_fHoDWc22B0

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