O Estadista de Ipióca
Em 30 de abril de 1839 nascia no distrito de Ipioca, litoral norte de Maceió, o marechal Floriano Peixoto, tido como o consolidador da República. Foi, como todos sabem, o segundo presidente do País.
Publicado 23/05/2009 16:35
Governou em um período conturbado, primeiro porque era uma época de um regime embrionário, confuso, quase anárquico, em decorrência da extinção do Império. Depois, Floriano enfrentou todas as intempéries dessa época de transição, tendo como adversários principais os defensores do império decaído. Contra o seu governo levantaram-se forças poderosas que muito perderam com a débâcle do antigo regime.
Muitos defendiam abertamente o retorno da monarquia, outros, porém, alimentavam posições dúbias, mas que encobriam as verdadeiras intenções de combater o nascente regime republicano inspirado nas revoluções francesa e norte-americana.
Foi em meio a esse feroz tiroteio que Floriano tornou-se presidente do Brasil. Até os dias atuais, remanescentes de famílias presenteadas pelas benesses do império criticam unilateralmente o segundo governo republicano, sonhando, quem sabe, com a possibilidade do retorno de terras e títulos honoríficos que foram arrancados dos seus antepassados.
Os áulicos do velho regime trataram de desqualificar Floriano Peixoto. Dizia o padre e deputado João Manuel de Carvalho: “Floriano era um idiota desengonçado, de modos aparvalhados, fisionomia apatetada e boca desdentada”.
Alcindo Guanabara, jornalista, definia-o como um caboclo do Norte, testa larga, nariz grosso, lábios grossos etc. Afonso Celso, membro da Academia Brasileira de Letras, qualificava-o como um homem de rosto inexpressivo, um temperamento complicadíssimo, detentor de crueldade plácida. Tudo isso ressaltava o ódio às políticas de Floriano, o reacionarismo e imenso preconceito dos aristocratas e aliados, às origens mestiças e nordestinas do Presidente.
Foi decisiva a posição de Floriano em manter a integridade do território nacional, derrotando revoltas violentas em várias partes do país, além de conspirações externas. O Brasil consolidou-se como tal, sem o que teria se transformado em várias Repúblicas rivais entre si, sem o papel geopolítico que joga na História contemporânea. Seria um povo apartado, com uma identidade lingüística e cultural fraturada, além de um singular e rico processo civilizatório abortado.