O futuro de Alagoas

Já se falou que Alagoas não é para iniciantes. E não é exclusivamente no campo da política, estende-se para as mais variadas áreas da interpretação acadêmica ou mesmo no entendimento da prática empírica.

Um dos berços da nordestinidade, portanto da própria formação brasileira, trata-se de um Estado rico em formação cultural, em suas tradições, mas também em suas renovações, mesmo considerando a sua diminuta população e um território geográfico ínfimo comparado às dimensões da esmagadora maioria dos Estados da federação.

Mas por aqui é de tal complexidade a formação antropológica que não é possível interpretar Alagoas através de simplificações acadêmicas esquemáticas. Aliás, esquemas não servem para entender nada em lugar algum. Eles são unicamente primos irmãos do sectarismo e da artificialidade científica.

O peso deste que é o penúltimo Estado da República em dimensões geográficas pode ser medido através de diversos exemplos inclusive pelo fato de ter produzido três presidentes da república e inúmeros quadros da política brasileira.

Uma quantidade expressiva de intelectuais de projeção nacional em vários ramos da cultura, a grande maioria muito pouco enquadrados nos conceitos bem definidos pelas linhas oficiais ou oficiosas do estabelecido.

Os alagoanos são em geral politicamente incorretos, a despeito das suas opções ideológicas ou mesmo partidárias. No entanto, há em Alagoas bem mais espinhos que flores. Digamos que prevalece mesmo a aridez no meio ambiente político e social.

O que é uma pista razoável do porque aqui veio a ser uma destacada escola da política nacional.

Misturam-se riqueza, opulência, fino trato, violência com a miséria absoluta, com tal simplicidade e aparente naturalidade que até parece ser coisa inevitável.

Um caldeirão de antagonismos e paisagens luxuriantes é a fotografia de Alagoas de ontem e a de hoje mesmo. E se Joana a Francesa, do Cacá Diegues, tivesse que ser refilmado, à moda do cinema americano, só seria necessário alterar novos elementos da engenharia e arquitetura.

O que precisa Alagoas não é bem mudar a grande riqueza da sua cultura, mas a maneira determinada de como se mantêm intactas as seculares e injustas estruturas econômicas, sociais e políticas.

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