O milagre e o santo

Nos materiais editados durante o último fim de semana, houve uma quase unanimidade na constatação, com números, de que a economia brasileira havia superado a crise.

O crescimento do PIB de 1,9% no 2º trimestre, com ênfase no consumo das famílias e na recuperação industrial, confirmou o que já vinha sendo sentido nas ruas, nas fábricas, no comércio: aqui no Brasil, devido à ação inteligente do governo e à capacidade unitária do movimento sindical, a crise externa não passou de marola, não foi nem de longe um tsunami.

O clima eufórico que tomou conta dos meios de comunicação contrastava de modo eloqüente com os anúncios de fim do mundo que os mesmos veículos noticiavam e repercutiam nos primeiros meses deste ano.

Mas, nas noticias de hoje, como nas de ontem, foi esquecido um dos grandes protagonistas desta vitória: o movimento sindical unido (porque até mesmo as ações do governo foram consideradas). Falou-se do milagre, mas esqueceu-se de um santo.

E, dentre todas as ações do movimento, preservando empregos, ajudando a diminuir os juros e os spreads bancários, colaborando nas reduções tarifárias, conquistando aumentos reais (que fizeram a massa de salários crescer 4,8% de janeiro a julho) uma iniciativa se apresenta como a jóia da nossa coroa. Refiro-me ao reajuste do salário-mínimo, em fevereiro, de R$415 para R$465. Esse aumento um pouco superior a 12% (metade dos quais como aumento real) foi decisivo na recuperação da economia, mantendo-se a estratégia de distribuição de rendas. Não devemos nos cansar de afirmar isso, como o fez, corretamente, a Nota da Força Sindical sobre o aumento do PIB.

As vezes, até mesmo comentaristas avançados e solidários cometem esse deslize do esquecimento. E, dirigentes sindicais responsáveis, vitoriosos nas campanhas salariais de suas categorias, que foram também indiretamente beneficiadas pelo reajuste do salário-mínimo, esquecem-se de que, no Brasil e para milhões de trabalhadores e aposentados, o reajuste do mínimo foi –felizmente- o maior reajuste de 2009.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor