O que eu vejo…

Responsável pela vital função de enxergar dos sentidos primários, a visão, sem dúvida nenhuma carrega consigo a difícil tarefa de mandar para o coração e o cérebro as reações e suas conseqüências. E ela quem dá destaque ou nos faz ficar indiferentes ao

Não direi de que grupo elas pertencem e nem as situações para não quebrar a
autodescoberta.

Eu vejo:
Vejo… Um rosto alegre que percebeu que eu estava fora de risco após dias
dobrados de angustia na sala do hospital.
Vejo… Um imenso colorido de frutas postas à mesa para eu tomar café com
meus irmãos.
Vejo… Luzes piscando na rua de baixo após seqüências de tiros num acerto
de contas entre os opostos da sociedade.
Vejo… Pessoas que confiei me apunhalarem na minha ausência quando mais
precisei deles para me sentir em segurança.
Vejo… Meus sonhos irem por água abaixo depois que recebi aquele aviso por
telefone.
Vejo… Tudo rodando depois que me aplicaram doses de sedativos para tentar
me salvar da besteira que fiz.
Vejo… Meus melhores amigos serem levados por outras pessoas num carro
preto com homens encapuzados fortemente armados.
Vejo os raios-X da minha coluna destruída após anos de exercícios errados na
ânsia de ficar dentro do padrão global.
Vejo… ''Pa nóis casa'', pa outros barracos, feito de forma desorganizada
amontoando famílias.
Vejo… Meu motorista acelerando forte e soando frio para escapar…
Vejo… Mó lua no céu e ''meus parceiro'' tomando vinho, sorrindo e contando
estória.
Vejo… O rosto da pessoa mais especial pra mim, feliz com a noticia que te
dei.
Vejo… Minha perna sendo destruída pelo asfalto, após horas de rodas de
cerveja num bar da zona nobre da cidade.
Vejo… Uma linda menina, mais ou menos uns 13, 14 anos sendo posta num
carro por um homem com idade de pai, às 22 e16 numa avenida muito
movimentada.
Vejo… Pessoas aplaudindo de pé minhas palavras de despedida, num dos
quatro momentos que tive em palco esse ano.
Vejo… A cena da novela que mais gosto deixando o gosto de descoberta pra
amanhã.
Vejo… Meu aparelho queimado depois de um descuido na hora da ligação.

Primeira reflexão: quem leu possivelmente já viu algo do tipo, mas, será que
sentiu o mesmo?

Continuemos…

Eu vi:
Vi um dos setes sendo levado pela violência do meu bairro e nada pude fazer.
Vi meu melhor amigo internado numa clinica definhando até o momento que
descobrir que mais nada podia ser feito.
Vi um casal após 17 anos de relacionamento ser desfeito pela praga do
capitalismo.
Vi fogos explodindo na virada do ano que seria o pior de todos os outros.
Vi a cidade pequenininha da janela em que estava sentado indo para a cidade
que sempre sonhei em conhecer.
Vi um poço de informação sendo entregue a centenas de crianças que começavam
a se preparar para um mundo novo.
Vi as mentiras que contaram na TV sobre o que queriam jovens acampados numas
das florestas do norte brasileiro.
Vi a triste noticia dada pela imprensa quando um grande líder morria em
março de 2001.
Vi milhares de pessoas irem as ruas pedir um novo tempo para a nação.

Éh jão! Tem gente que vê e viu coisas que não queriam. Pergunto, o que mais
fica guardado nas nossas mentes? As boas ou as ruins? Sinceramente não
consigo pôr na balança e medir. Eu coloco duas coisas que vi e vejo uma pra
cada lado. Lá vai…

A bicicleta que me foi prometida ser entregue ao meu primo depois que fui
aprovado.
A mesma quebrar quando meu primo subiu.
Que crianças da minha comunidade não têm bicicleta…
Mas, estão colocando ciclovias na minha comunidade.

Eu perguntei a algumas pessoas o que elas queriam ver, e algumas
respostas me surpreenderam.

Eu quero ver… Meu primogênito aprovado na faculdade este ano.
Eu quero ver… Se o meu patrão recebendo o que eu recebo trabalharia com o
animo que me pede.
Eu quero ver… O corpo daquele verme no chão implorando pra viver e eu rindo
da cara dele!
Eu quero ver… Fartura na mesa todo dia nas refeições da minha família.
Eu quero… Quero…Quero…

Se percebermos o que viram, vê ou virão é sentido e registrado de maneira
diferente por cada pessoa, algumas de forma individual, outras em reações coletivas. Tem gente viu coisas que naquele momento quereriam ser
cego e cegos que dariam tudo pra ver as piores coisas do mundo!

Num sei se este texto servirá para ser relido por quem acabou de ler ou
indicado para concorrer ao premio de melhor obra publicada, ser for: bom!
Caso não, essa não é a intenção. Talvez a maior intenção seja mostrar que
somos muitos diferentes, e isso não é nenhuma novidade, mas se queremos ver como
o hoje e o amanhã, podem ser igual ou diferente do ontem: temos que e ver.
Obrigado por verem este texto, pois isso agora é o que você esta vendo!

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