O reitor descalço
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Publicado 16/09/2009 19:57
Roberto Crema, que nirvanou
ao fitar a lucidez
dos olhos de Pierre Weill,
virou reitor descalço:
tirou sapatos e meias
sem chocar a platéia inteira
pompa e circunstância
são valores que não guarda
Vive em profunda simplicidade
em seu amar a verdade
e defender a paz
Em cirandas de amizade
dança como criança
pois sabe a viagem do humano
é efêmera como um raio
na dança infinita da Vida
II
Um dia o causídico
perdido no labirinto
das demandas do ter
decidiu não viver
em tão próspera miséria
que incautos invejam
Assumiu o risco
de deixar a infelicidade crônica
uma freirinha, um anjo posto em seu caminho
ao ver que a tristeza de não ser ele mesmo
estava a mata-lo devagarinho,
vendo-o dizer que a psicologia o arrepiava,
disse: “Vai, menino! Vai fazer o que te arrepia!”.
Já sabendo que seria sublime,
o poeta de alma enluarada
foi lá e fez. E em seu reitorado
mantém-se eterno menino
a andar descalço
pelas veredas da Verdade
Hoje segue amando, e bem amado
em seu poder desarmado
de cirandeiro da paz.