O “sexo” e o cinema brasileiro

Destacar as qualidades do cinema brasileiro é mais construtivo do que lamentar suas produções menos expressivas.

Imagens dos filmes: Cidade de Deus; Bacurau; Central do Brasil e Aquarius

Ao invés de lastimar que o cinema brasileiro apresente muitas “chanchadas eróticas” (como “Efigênia dá … tudo que tem”), acho que o mais importante, mais positivo, é falar sempre, até exaustivamente, dos bons filmes que também são feitos no Brasil.

Mesmo porque exploração comercial de sexo não é algo que ocorra somente no cinema brasileiro. Os exemplos são inúmeros. Basta você ler uma reportagem de José Carlos Avelar, no Jornal do Brasil, sobre o último festival de Cannes.

Essa exploração é algo intrínseco ao sistema industrial / comercial que domina o cinema no Mundo Ocidental, e que não se interessa pela forma como se deve atrair público, o que interessa é “atrair público”. Todo o mundo sabe que nos Estados Unidos os filmes pornográficos (mas pornográficos mesmo) são exibidos em cinemas comerciais e atraem um público incalculável.

Apenas cada cinema faz o “filme erótico” que lhe é possível; e o brasileiro que possui um cinema subdesenvolvido (por culpa da dominação do nosso mercado pelo cinema de Hollywood), não pode fazer melhor do que essas fitinhas por aí.

Mas se alguém, realmente, está interessado em que o cinema brasileiro ganhe uma posição que lhe pertence, de direito, a melhor maneira de ajudar, se dispõe de uma coluna em jornal, não é ficar destacando as péssimas produções, mas sim falar sobre o que temos de bom.

E, no momento, temos uma realização excepcional em cartaz no Cine AIP, “O Amuleto de Ogum”, que traz de volta o cineasta Nelson Pereira dos Santos.

Também está marcado um filme que merece atenção, “Quem tem medo de lobisomem?”, hoje no Art-Palácio. E virá depois “A Cartomante”, que Marcos Farias fez, adaptando livremente um conto de Machado de Assis. E “A guerra conjugal”, de Joaquim Pedro. E outros.

(Texto publicado no Jornal do Commercio, Recife, em 27.08.1975)

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As mais recentes notícias do crítico de cinema

Acabei de sair do Hospital Esperança, em Olinda. Graças à minha sobrinha Trudy, que me prometeu tirar de lá. Eu passei alguns dias. Conheci uma médica, Manuela, que trabalha lá, que é noiva do neto de Abelardo da Hora, o grande escultor. O Hospital de Olinda já demonstra uma estrutura bem organizada.

Meus dois bisnetos já estão em suas casas, crescendo.

E todos dizem que eles são lindíssimos. Estou muito feliz!

Trudy e Manuela estão organizando um Natal na nossa casa. E deverá estar todo mundo. Grande felicidade, mesmo com um pouco de ansiedade.

(Texto da página do Facebook de Celso Marconi, ditado para Trudy. Olinda, 28/11/2023)

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