O valor simbólico dos rituais de Ano Novo é renovar a vida

Celebrar o Ano Novo é prática pancultural antiga. Na Babilônia, no ano 2000 a. C., comemorava-se o novo ano com sacrifícios de alimentos aos deuses da fertilidade Marduk e Dumuzi. Os ritos de passagem – lendas, crendices, simpatias, superstições e queima

No Japão, o Ano Novo (oshoogatsu) é tempo sagrado. É costume pendurar uma corda de arroz na porta da casa para afugentar maus espíritos. Na China, o réveillon dura seis semanas, entre janeiro e fevereiro. Usar roupa preta e trocar tangerinas na última noite do ano chama boa sorte. As luzes das casas ficam acesas simbolizando calor humano, amizade e reconciliação.


 


 


Na Malásia, é proibido varrer a casa na véspera do novo ano, pois tirar algo de dentro dela atrai má sorte. No Norte europeu, a porta da casa é aberta para dar boas-vindas aos desejos e à entrada da boa sorte. Na Áustria, pede-se boa sorte com figuras amuletos de chumbo. Nos Estados Unidos, a tradição na virada do ano é vestir preto e comer ''blackeyed peãs'' (parecido com feijão), que dão boa sorte.


 


 


Na Índia, com mais de 12 calendários religiosos, os rituais seguem o que dita cada religião, mas é comum queimar na fogueira coisas que representam impurezas e doenças. No norte do país, o ano começa com a festa de Dîwâlî, em setembro. Na Hungria, come-se carne de porco, animal que fuça para frente, na esperança de que a vida vá em frente. No Brasil, sabe-se que no Ano Novo dá azar comer caranguejo, que anda para trás; e galinha, que cisca para trás.


 


 


O valor simbólico das cerimônias mítico-rituais é a renovação, assinalando a morte do ano velho e o nascimento do Ano Novo – um novo tempo e a possibilidade de boa sorte e prosperidade, com o contraponto da continuidade: preservação das coisas boas e deferência pelas pessoas especiais para nós. A idéia da renovação é poderosa e relembra a busca da perfeição e do direito à felicidade, a aspiração-mor do ser humano.


 


 


No Brasil, uma saudação ao Ano Novo, quase em desuso, é o grito de Carnaval, primeira manifestação carnavalesca, nos bailes do último dia do ano, com músicas carnavalescas da meia-noite até o sol raiar, uma explosão de alegria por ter ''rompido o Ano Novo''. Há anos, no Brasil, a dona da festa de Ano Novo é Iemanjá, orixá poderosa e vaidosa, mãe de todos os orixás, que desbanca todos os santos e divindades no quesito atrair multidões, pois arrasta um mundaréu de gente paramentada de branco, calcinhas e cuecas novinhas em folha, para lugares onde haja água (cachoeira, rio ou mar), portando oferendas para a rainha do mar.


 


 


É pancultural a crença em alimentos que dão boa sorte. Pelo sim, pelo não, romã: prosperidade e amor; morango: amor; pêra: saúde; maçã: afetos; arroz: vida longa; lentilha: fartura; damasco: energia sexual; uvas: coma 12 e tenha prosperidade; e noz-moscada: seis no bolso chama dinheiro! Pague as alvíssaras para a primeira criança que ver em 2009! Lá na Palestina, a mesmíssima Graça Aranha (MA), numa cultura em que as crianças não são um estorvo, mas vistas e valorizadas como portadoras da boa sorte, elas ganham alvíssaras no Dia de Ano. Bonito, não é? Vovó, com um vestido de dois bolsos na frente repletos de mimos, deixava a gente de tocaia. Só aparecia quando alguma criança despontava na rua, berrando: ''pague minhas alvíssaras!

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