Ocupar os espaços se faz necessário

Salve leitores e leitoras do Hip-Hop a Lápis, aos poucos vamos construindo e fazendo parte da história dessa grande nação que vivemos. Mas o que fazemos realmente para darmos a nossa contribuição?

No movimento hip-hop, no movimento comunitário, e no movimento cultural em geral, temos grandes lutadores em defesa das causas sociais e da construção de uma sociedade mais justa.

Agora infelizmente, boa parte desse povo fica restrito ao seu movimento, sua organização ou sua comunidade. Ë aí que estamos deixando a desejar, deixando de ocupar espaços importantes, que são nossos.

Temos que passar a um novo patamar de organização. Temos que aprender a ampliar essa experiência que adquirimos, e nem é tão difícil assim.

Muitos dos nossos, nunca são reconhecidos pelo trabalho que realizam, na sua maior parte trabalho voluntário, ou com uma gratificação mínima. A nossa luta tem que superar esses limites, nosso desejo tem que ir além, temos que sonhar alto, e sermos determinados a construir esse sonho.

Já temos bons exemplos que estão dando certo, alguns já aprenderam a concorrer aos editais, alguns já ocupam os pontos de cultura, já somos diretores institucionais, (…) Mas temos que levar essas experiências a quem não teve oportunidade, ou simplesmente não acordou ainda.

Temos boas condições de firmarmos cada vez mais essa grande corrente, muitas vezes esquecemos de usar nossas armas, muitas vezes deixamos de sitar pequenas experiências que deram certo, para ficarmos exaltando conquistas de quem nem se importa com o que acontece no dia a dia.

Ouvir uma história que deu certo lá em Parintins, outra lá de Juazeiro do Norte, ou na grande São Paulo, é isso que estamos fazendo, esse é o nosso papel, esse é o trabalho que temos que usar como referencia.

É um trabalho de luta, de um povo que tem disposição e que sabe fazer as coisas acontecerem, que não quer apenas trabalhar para ter o conforto da sua família, mas uma nação que vai alé. Que organiza do seu jeito, nas suas condições uma oficina para tirar os parceiros da ociosidade, para promover a diversão do fim de semana de uma maioria que não tem oportunidade.

Seja levando um filme e projetando num muro, seja colocando duas traves na rua e organizando um campeonato, seja realizando uma atividade que oportunize os artistas locais a mostrarem seu trabalho.

É o que sempre fizemos aqui, e foi nessa luta que conseguimos ocupar o espaço que sempre desejamos, mas nem por isso ficamos quietos. Estamos na luta constante, estamos usando o espaço que conseguimos, mas ainda é pouco.

Temos aqui atividades todos os dias, oficinas de várias modalidades, práticas de esportes, e nos revezamos nos fins de semana para realizarmos atividades para a população. Colocamos um projetor na mochila, alguns filmes e seguimos para uma comunidade, e ali é a primeira oportunidade de muitos de conhecer o cinema. 

Quer mais? Alguns parceiros já chegaram aqui e fizerem filmes do nosso povo, como é o caso dos nossos mestres da cultura popular, então nós fomos além. O povo daqui é o protagonista do filme, o ator principal é da comunidade. Pra que história melhor do que a história de vida de cada um?

Atualmente os trabalhos estão a todo vapor, e sei que não é só por aqui, e nem só por que agora dirigimos uma secretaria, mas em várias partes, em várias comunidades, pessoas de diferentes classes, de diferentes movimentos estão fazendo atividades como essas. É esse o passo que o nosso povo teima em dar.

As vezes esquecemos que isso tudo é nosso, e muitas vezes esquecemos de lutar. Outras vezes baixamos a cabeça e deixamos objetos de transformações importantes ali parados. Muitas vezes entregues nas mãos das pessoas erradas.

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