Organização por Local de Trabalho: necessidade urgente

No próximo dia 31, encerro uma fase importante da minha vida política: deixo de participar da Diretoria do Sindicato dos Professores de Campinas e Região .Vivi, muito intensamente, durante cinco anos, na oposição e, posteriormente, durante nove gestões, n

Há momentos – como aconteceu por exemplo nos anos 80 – em que o número de greves cresceu, aumentou significativamente o número de sindicalizados, às assembléias compareciam um número grande de trabalhadores, as atividades da entidade sindical ganharam maior projeção pela quantidade de presentes e pela qualidade das intervenções. Há outros momentos – como por exemplo, o que vivemos nos anos 90 – em que ocorreu exatamente o contrário: diminuiu o número de greves, decaiu o número de sindicalizados, reduziu-se o número de participantes nas assembléias e outras atividades sindicais.



Estes momentos distintos se explicam sobretudo pela conjuntura em que estão inseridos. Nos anos 80, estávamos, em intensa luta , saindo do período da ditadura militar implantado a partir de 1964, e abrindo novos horizontes rumo à democracia, enquanto que nos anos 90 a implantação do neoliberalismo, da reestruturação produtiva e das novas técnicas gerenciais sufocaram o movimento sindical, principalmente em função do desemprego crescente que atingia fortemente os trabalhadores.



As conjunturas são muito diferentes e as decorrências também.Mas há aspectos que devem ser enfatizados em ambas as situações. Gostaria de me deter num deles, o que se refere à necessidade das diretorias das entidades sindicais estimularem a mobilização e a organização dos trabalhadores em seus respectivos locais de trabalho.



Quer seja um período de ofensiva ou de defensiva dos trabalhadores, as diretorias das entidades sindicais precisam priorizar a relação com a base sindical, realizando efetivamente o chamado trabalho de base, que implica  na sindicalização e na organização efetiva por local de trabalho. Uma diretoria de entidade, por mais combativa que seja, pouco poderá conquistar sem a participação efetiva da categoria. O vínculo estreito entre a diretoria da entidade e os trabalhadores em geral constitui-se num mecanismo fundamental da atividade sindical, visando a intensa mobilização dos trabalhadores. A organização por local de trabalho, além de ser um estímulo fundamental para mobilização, contribui para a formação de novos quadros sindicais, na medida que desenvolve a prática e aprofunda a compreensão da realidade, através da leitura e de outras atividades de formação.



Nesse momento, em que  atividade sindical já está apresentando um tímido avanço, é essencial o avanço da organização por local de trabalho para o fortalecimento das lutas desenvolvidas. Sugerimos que as diretorias das entidades reflitam profundamente sobre a necessidade dessa organização. As Centrais Sindicais – inclusive a CTB – terão mais força nas lutas quando os trabalhadores estiverem organizados e mobilizados nas bases. Estabelecer um vínculo consistente entre as Centrais, as Confederações, as Federações, os Sindicatos e os trabalhadores nos seus respectivos locais de trabalho constitui-se no grande desafio do movimento sindical na atualidade!

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor