Os amigos de Dunga

Finalmente conhecemos os 23 nomes que irão à Copa do Mundo representar a seleção brasileira, além dos 7 “consolados” que podem entrar em caso de corte por contusão. Toda a expectativa pela convocação de Neymar e Ganso foi frustrada, sendo que o primeiro sequer consta na “lista de espera” deste vestibular onde os aprovados foram os mais próximos da banca, não necessariamente os melhores.

 A lista mais esperada do ano poderia ter sido melhor. Embora esta seja uma constatação feita a cada 4 anos. Nunca a torcida fica plenamente satisfeita com a mesma. A posição de treinador da seleção se assemelha à do Presidente da República em ano de Copa, e talvez nossos Ministérios estejam mais bem servidos que nossa seleção.

Analisando posição por posição, a única convocação indiscutível é a zaga. Lúcio, Juan, Thiago Silva e Luisão não deixam nenhuma margem à dúvida. São os melhores zagueiros à disposição e ninguém é louco para contestar isso.

De resto, tudo é questionável!

A começar pelo gol. Com titularidade absoluta, Julio Cesar é intocável. Gomes está bem no Tottenham e mereceu a lembrança. Mas deixar o goleiro Victor do Grêmio de fora é a primeira contradição daquele que tanto citou a palavra coerência na entrevista coletiva posterior à convocação, visto que este era chamado constantemente.

A gratidão que Dunga nutre por Doni chega a ser comovente, mas é igualmente injustificável. Jogando ou não na Roma, nunca foi um goleiraço. Não agradava nem no Corinthians, quiçá na seleção.

Nas laterais, pela direita tudo certo, já pela esquerda… Michel Bastos, quando joga pelo Lyon, joga pela direita. Gilberto está jogando no meio pelo Cruzeiro. Como Daniel Alves joga pelos dois lados, pelo meio, por cima, por baixo… pelo menos um dois nomes anteriores torna-se dispensável e abriria vaga para outro jogador em outra posição.

O meio-campo é a cara do Dunga! Volantes, volantes e mais volantes. O jogador mais criativo, e o único, é Kaká. Ele não pode se machucar, ser expulso, substituído, sentir-se mal, nada! Caso contrário, nosso meio-campo terá inúmeras dificuldades para abastecer os atacantes.

Lembra aquela vaga na lateral? Poderia ser preenchida aqui, por Ganso. Mas o Dunga acha que o menino não foi testado na seleção, tal como o próprio quando assumiu o comando do escrete canarinho.

No ataque, Adriano ficou merecidamente de fora. Nilmar, o reserva de luxo, joga tanto aberto pelos lados do campo como enfiado no meio da área. Mas Neymar, que está arrebentando, não foi lembrado nem para a lista de espera. Dunga preferiu Grafite, que está bem no Wolfsburg, mas talvez fizesse excelente dupla com Valdir Papel, desenhando bem as jogadas ofensivas.

Enfim, a lista de Dunga revela um treinador com pouco tato, ao não trazer o povo consigo para a Copa, o que não é menos importante que a escalação em si. Ou talvez teimoso, em não querer abrir mão de parte de suas convicções.

Se ganharmos a Copa, o xerifão da seleção volta da África do Sul cheio de moral. Por outro lado, caso a taça não venha, qualquer definição sobre Dunga se perde em meio aos gritos comuns nas arquibancadas quando treinadores escalam ou substituem mal.

Sabe aquele animal quadrúpede, com orelhas longas, que leva carga no dorso? Então, ele mesmo.

Em tempo: este artigo foi escrito ao mesmo tempo em que Ronaldinho Gaúcho acabava com a Juventus no San Siro e era aplaudido de pé pela torcida milanista…

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