Painel do Clima no banco dos “réus”

A ONU decidiu constituir uma comissão independente de cientistas para revisar o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC , na sigla em inglês). A decisão se tornou imperiosa diante dos sucessivos questionamentos que os cientistas ligados ao painel do clima vêm sofrendo, inclusive com a denúncia de fraude e/ou manipulação de dados para sustentar a versão oficial do IPCC.

Dentre essas denúncias, está o uso de dados extraídos de relatórios de ONGs, como WWF, por exemplo, como base do relatório do IPCC; a descoberta de que os cientistas do IPCC procuravam impedir o acesso ao relatório oficial de todo cientista que não compartilhasse de suas opiniões e, mais grave e criminosa, a tentativa de boicotar qualquer publicação desses pesquisadores em revistas indexadas.

A descoberta representa um duro golpe ao IPCC e, naturalmente, recrudesce a polêmica em torno de qual é a real causa do aquecimento global. Antes mesmo desse escândalo, diversos grupos de cientistas já haviam questionado as certezas cartesianas do IPCC o que, convenhamos, é pouco razoável em se tratando de um fenômeno para o qual concorrem milhares de variáveis.

Para o IPCC, o aquecimento global decorre exclusivamente da emissão de gases de efeito estufa (GEE), dentre os quais o gás carbônico (CO2) tem papel saliente. Os opositores do IPCC sempre sustentaram que o aquecimento decorre de alteração do próprio sistema solar.

Do ponto de vista rigorosamente científico, as duas afirmações são temerárias. Uma causa com tantas variáveis nunca tem um fenômeno exclusivo a determiná-lo, mesmo que se possa reconhecer determinada preponderância desse ou daquele fenômeno no processo que lhe dá causa.

Para que se compreenda, porém, qual a motivação que anima essas correntes de pesquisadores, é preciso compreender a que doutrina, a que concepção filosófica eles se associam em termos de desenvolvimento.

Parece evidente que os pesquisadores que sustentam que o aquecimento solar é a causa básica do aquecimento global não reconhecem na atividade antrópica qualquer limitação, o que evidentemente não é verdadeiro. São adeptos do que eu costumo classificar de produtivistas.

Por outro lado, os pesquisadores que atribuem à emissão de gases de efeito estufa a exclusividade da causa do aquecimento global revelam, além de limitação teórica, uma clara concepção santuarista. Tal concepção fica evidente quando boa parte deles procura responsabilizar as queimadas amazônicas como uma das principais causas dessa emissão, mesmo sabendo que a Amazônia limpa e não polui o meio ambiente. Perfilam-se, conscientemente ou não, às correntes ideológicas que ao longo dos tempos tentam internacionalizar a Amazônia.

O imperialismo muda de tática, mas não de objetivo. Já recorreu à tática militar, científica, religiosa, econômica e no momento usa o meio ambiente como a sua mais sofisticada tática, na medida em que o apelo ambiental é sensível a praticamente todas as correntes de pensamento progressista. Ninguém em sã consciência pode ser indiferente às conseqüências de uma eventual tragédia ambiental.

E é precisamente potencializando real ou artificialmente os riscos dessa catástrofe que o imperialismo atua. Com base no terror ambiental cria uma situação propícia não para ser rigoroso no licenciamento ambiental, mas para impedir ou dificultar ao extremo toda e qualquer licença de exploração da Amazônia.

É a isso que eu denomino de “teoria do bloqueio”. Fica evidente, como dizia Pasteur, que “a ciência é neutra, o cientista não”.

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