Quando o bolsonarismo se torna sinônimo para terrorismo

A conclusão do dia 8 de janeiro ainda não se deu plenamente, mas a noite daquele domingo marcou de maneira forte, decidida e republicana a resposta do novo governo eleito

Destruição no Palácio do STF (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O Brasil passou os últimos anos sempre sobre a tensão se algo iria acontecer, se a democracia resistiria ao mandato do então presidente Jair Bolsonaro. Não foram poucas as tentativas de subverter a ordem, as ameaças vocalizadas por ele e por sua família. O país conseguiu chegar ao fim desse ciclo, mostrou a força das instituições, da estrutura de poder equilibrada entre Executivo, Legislativo e Judiciário, o clássico sistema de pesos e contrapesos sagrado na Constituição dos Estados Unidos e de todas as democracias das Américas.

Infelizmente as ameaças não cessaram por ali. O bolsonarismo não conseguiu aceitar e digerir a derrota eleitoral de seu líder máximo no pleito de 2022. A posição dúbia de Bolsonaro, incapaz de dar um pronunciamento claro que reconhecesse sua derrota, foi seguida da montagem de acampamentos na frente dos quartéis de praticamente todas as capitais do Brasil, tal iniciativa oscilou, ganhou e perdeu força, chegando a se tornar até motivo de galhofa em alguns momentos.

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Mas ali é que morava o perigo, os acampamentos funcionaram como incubadoras do complexo sistema de apoio formado ao bolsonarismo, alimentado por setores do empresariado e do agronegócio. E exatamente uma semana após a posse do novo presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva, decidiram montar uma tentativa de sublevação com vistas a dar um golpe de Estado…

O domingo do dia 8 de janeiro de 2023 já entrou para História de nosso país, de maneira triste, revelando um Brasil muito diferente do que maioria de nós conhecia. Surge um Brasil com células terroristas, com setores da população dispostos a quebrar a ordem estabelecida, desrespeitar as leis se necessário acharem, tudo em nome de apear do poder um presidente eleito no qual não votaram.

As primeiras horas da iniciativa foram marcadas por parlamentares bolsonaristas empolgados com a mesma, achando que ali se davam os primeiros passos para queda do novo governo, intervenção militar ou sabe-se lá mais o que imaginavam que aconteceria… Ledo engano, acabaram por gerar provas contra eles mesmos, sendo associados ao terrorismo ali perpetrado e tendo que responder por isso.

A grande questão é em que momento o bolsonarismo perdeu o fio narrativo simpático a parcelas largas da população, visto que a pecha de “terrorista” colou sobre o agrupamento assim que invadiram os prédios do Supremo, da Câmara e do Senado e depredaram de maneira descarada os símbolos da República, se apresentando para o mundo como realmente são, desnudados à público, frente a todas as câmeras, e ainda com o reforço dos celulares dos próprios terroristas que postavam cenas dantescas seguidamente nas redes sociais.

A verdade é que o bolsonarismo sempre recebeu torcidas de narizes mesmo dos movimentos de extrema-direita internacional. Estes, via de regra, viam o movimento como algo tosco, que carece de mais densidade, por isso até mesmo esses setores criticaram a tentativa derrotada dos terroristas.

A imediata solidariedade da Espanha, França, Estados Unidos, Rússia e de todos os países latino-americanos pôs em xeque as pretensões terroristas e levou ao mais completo afastamento das Forças Armadas de participar do episódio de maneira mais orgânica e aprofundada.

A conclusão do dia 8 de janeiro ainda não se deu plenamente, mas a noite daquele domingo marcou de maneira forte, decidida e republicana a resposta do novo governo eleito. Ali foram conseguidos feitos de extrema importância para o Brasil, alargou-se ainda mais a frente ampla em defesa do país e da democracia que havia sido formada para eleger Lula, tornou-se mais claro para uma parte expressiva da população que o bolsonarismo não é uma alternativa democrática e civilizada de poder, tendo todas as pesquisas circunscrito os simpatizantes a iniciativa terrorista a no máximo 17% da população e, por fim, operou-se a punição aos que destruíram patrimônio, machucaram pessoas e feriram os símbolos da pátria, tudo dentro da Lei.

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Assim se fortaleceram as bases das forças que precisam efetivamente governar, executarem ações e políticas de governo, algo que seria impossível no ambiente de caos e conflagração que o bolsonarismo parece querer manter aceso o máximo de tempo que puder, prejudicando de maneira intencional o novo governo e o povo brasileiro.

A luta de narrativas caminha de mãos dadas com a luta de ideias no momento em que vivemos, os terroristas bolsonaristas se apequenaram, mas o bolsonarismo não acabou, pululam no WhatsApp e Telegram novas narrativas e teorias que tentam dar a liga para uma retomada da narrativa.

Por isso, é fundamental que o governo Lula comande o país rumo a um futuro próspero, democrático, com emprego, renda, comida, cultura, esporte, ciência e tecnologia e tudo mais que for possível para por um sorriso no rosto dos brasileiros e brasileiras, ajudando assim a unir o país e isolar a minoria terrorista barulhenta. Aos terroristas, o rigor da Lei.

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