Salvador Allende, 35 anos da morte e um século de seu nascimento

Realizou-se em Brasília, em 17 de setembro último, uma cerimônia comemorativa do centenário de nascimento de Salvador Allende, dirigida pelo embaixador chileno Álvaro Diaz. O evento aconteceu ao pé do monumento dedicado a quem foi Presidente do Chile, ent

No busto de Allende está gravado: –“Tenho fé no Chile e seu destino, sigam vocês sabendo que, muito mais cedo do que tarde, abrir-se-ão as grandes alamedas por onde passe o homem livre para construir uma sociedade melhor!” Estas foram as derradeiras palavras de Salvador Allende, então presidente democraticamente eleito da República do Chile, no dia 11 de setembro de 1973, quando morreu sob o impacto do golpe militar que derrubou o Governo e bombardeou o Palácio presidencial de La Moneda.


 


 


Trinta e cinco anos após este episódio – e com a força simbólica diametralmente oposta ao golpe militar — no mesmo La Moneda, realizou-se importante reunião da União das Nações Sul-Americanas, Unasul, em Santiago do Chile, para apoiar e garantir o Governo de Evo Morales na Bolívia, e para abordar a grave crise boliviana, também agravada pela interferência criminosa e anticonstitucional dos Estados Unidos, através da participação ativa de seu embaixador na Bolívia, logo expulso pelo Governo e considerado persona non grata.


 


 


O embaixador chileno, Álvaro Diaz, logo após a execução dos hinos nacionais do Brasil e do Chile pela Banda do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, fez uma alocução onde retratou a trajetória deste grande dirigente socialista chileno Salvador Allende, nascido em 1908 na cidade de Valparaíso, no Chile. Allende dedicou grande parte de sua vida à luta pela liberdade e a democracia. Depois de três tentativas de se eleger, acabou sendo proclamado presidente da República apenas em 1970, por uma coalizão de forças denominada Unidade Popular, protagonizada pelo Partido Socialista com o apoio do Partido Comunista. Naquela ocasião ele obteve 36,2% dos votos nacionais, contra 34,9% dados ao ex-presidente Jorge Alessandri e 27,8% ao candidato do Partido Democrata Cristão, que apresentou plataforma semelhante à de Allende.


 


 


Os órgãos de informação dos Estados Unidos, especialmente a CIA, tentaram de todas as maneiras interferir no processo eleitoral, quando a Empresa de telefonia ITT Corporation repassou US$ 350 mil ao candidato derrotado Alessandri. O secretário do Departamento de Estado Henry Kissinger envolveu-se diretamente no plano de desestabilização que se seguiu à posse de Allende e que acabou levando-o ao suicídio quando o Palácio de La Moneda foi bombardeado.


 


 


Allende deixou uma herança chamada de La via chilena al socialismo. Este projeto incluiu a nacionalização de indústrias estratégicas, como a Mineração de Cobre, o setor bancário e a estatização da assistência de saúde pública, do sistema educacional, o programa de fornecimento de leite grátis para as crianças, além de um plano de reforma agrária que na verdade havia sido iniciado com a presidência de Eduardo Frei Montalva. Era um dos objetivos de Allende a redistribuição de renda e a promoção do emprego. Ele chegou a anunciar a suspensão do pagamento da dívida externa, congelou preços de alimentos básicos e todo esse esforço de democratização sócio-econômico do país foi interrompido barbaramente pelo imperialismo americano e seus aliados internos, especialmente em conluio com setores militares das Forças Armadas chilenas.


 


 


O legado de Salvador Allende ilumina o caminho da libertação sul-americana da interferência do imperialismo norte-americano e de todas aquelas forças que se opõem ao desenvolvimento sustentado dos países do continente. Vivemos, agora, uma possibilidade de integração efetiva, com a Unasul, o bloco econômico que cresce com o Mercosul entre outras iniciativas importantes que una e congregue os povos e nações pelo fortalecimento e crescimento da América do Sul.

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