Segue a viagem

“O ônibus segue viagem, mas circular os mesmos caminhos. Ando só. Já não tenho notícias do desembarque”

Imagem: shutterstock

Domingo, a praia se espalha diante dos olhos,  os nervos entram em tempestade. O  patuá de Yansã repousa no fundo da bolsa. O coração é espremido, talvez exploda. A mãe mastiga batata. o filho fica  quieto, pelos menos por alguns minutos.

A moça do lado olha pela janela, as luzes descrevem as estradas. O seu diálogo é curto  e desconvidativo. 

O jovem bebe o seu descanso e recita seus versos de improviso. Recebe aplausos e mais uma dose. 

A maioria dorme, enquanto a noite se encurta. Faz escuro, mas o sol nasce pelas manhãs, porém pode chover.

Procuro as estrelas, já não estão no céu, muito na bolsa carregada de livros e roupas sujas.  A moça do lado  continua calada, suas pernas balançam, parece inquieta. 

O ônibus segue viagem, mas circular os mesmos caminhos. Ando só. Já não tenho notícias do desembarque, faz frio e os lençóis foram jogados pelas janelas. 

Canto Belchior para enganar o desespero, enquanto  a viagem segue.

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