Shane – Os brutos também amam

O western “Shane”, de Geroge Stevens e o coreano “Hanyo a empregada”, de Kim Ki-young

Filme "Os brutos também amam" | Foto: Reprodução

Na minha vida de crítico de cinema, esse é um dos filmes que eu mais encontrei como sucesso de Hollywood e no qual eu acreditava. Devo ter muitos comentários sobre ele 60 anos atrás. E o revi agora, quando me deparei com ele na Netflix.

Claro que a diferença é grande de quando eu o vi numa tela grande, com imagem de qualidade, e agora numa telinha de 10 polegadas de um iPad. Nem tanto pelo tamanho, mas pela própria qualidade da imagem e principalmente pela minha vista cada dia pior. Mesmo assim, consegui captar a dimensão do grande cineasta George Stevens, que fez esse filme em 1953, mas já vinha fazendo filmes, produzindo, fazendo roteiros e trabalhando com famosos intérpretes norte-americanos desde os anos 1930.

Em “Os brutos também amam” a grande presença é de Alan Ladd, que já era conhecido como ator de western. Mas de péssima qualidade. Em “Shane”, a primeira glória de George Stevens foi conseguir que toda a crítica elogiasse a interpretação de Ladd.

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É claro que “Shane” é um melodrama com todo sentimentalismo que o gênero exige. Principalmente com a amizade criada de início entre o garoto Joey e o cowboy Shane, o que levava a abrir caminho para a amizade com a mãe do garoto vivida por Jean Arthur. Entretanto, esse lado sentimentalista não impediu que George Stevens mostrasse o cineasta competente e principalmente criativo narrando a estória com uma linguagem pessoal e nunca melodramática. Uma grande sequência, do ponto de vista da narrativa cinematográfica, é a do enterro, onde aparecem muitos intérpretes, e dá margem a uma formulação intimista e particularmente na cena do enterramento do caixão.

“Shane” não é um western simplório. Um filme de aventuras. Apresenta todo um drama social além da sequência sentimental. E embora siga o que Hollywood pede com seus personagens, que é a espécie de grandeza pessoal no personagem Shane, vai mais além e mostra um contexto onde está a realidade de dominação de grandes empresários e pequenos com a realidade de violência até a morte.

Enfim, “Os brutos também amam” está aí na Netflix para conhecimento do público jovem, e o filme certamente será visto como uma obra de aceitação atual, porque o seu estilo estético é tão moderno como se tivesse sido feito neste século.

Olinda, 12. 09. 22

Hanyo, a empregada na Coreia

Filme “Hanyo, a empregada” | Foto: Reprodução

Este filme está em exibição no Mubi, “Hanyo, a empregada”, e foi dirigido pelo sul-coreano Kim Ki-young. É uma realização de 1960 e talvez principalmente por isso me lembrou uma produção pernambucana, “A comerciária”. Apesar de ter conhecido muito o diretor do filme “A comerciária”, não estou lembrando seu nome. A questão fundamental é que a diferença de nível técnico e artístico entre um e outro é enorme e com extrema vantagem para o coreano. O que realmente nos mostra o pouco desenvolvimento do nosso país no sentido econômico e não só artístico.

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“Hanyo, a empregada” foi restaurado em 2008 através de um projeto criado pelo cineasta Martin Scorsese, e desse modo ganhou prêmios em festivais em Rotterdam, em Berlim e em Cannes. E a crítica o tem considerado como um filme básico para a estruturação da cinematografia da Coreia do Sul. Claro, não posso afirmar, mas a sonoridade do idioma coreano me parece muito próximo da nossa sonoridade portuguesa brasileira.

Olinda, 13. 10. 22

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