Só a Oficina de Escrita Criativa liberta 

As Oficinas de Criação Literária ou de Escrita Criativa, tem por origem os Estados Unidos dos anos 1930, mas é após a Segunda Grande Guerra que se expandem. Isso diz a história, mas o conceito, inerente à maioria das Oficinas conhecidas, de ler e debater textos dos alunos, propondo bibliografia e alternativas críticas aos textos, esse conceito ou formato é tão antigo como a própria literatura.

A diferença, é que o exercício contemporâneo das Oficinas é um esforço concentrado e, muitas vezes, quase anônimo, e não muito, ou quase nada, seletivo. E daí, talvez, toda a origem da invisibilidade de quem começa uma carreira literária.

Temos, infelizmente, uma espécie de regra oculta no Brasil: não se dá espaço a quem começa. E para conquistar visibilidade, sem maiores apadrinhamentos ou prêmios inesperados nos primeiros livros, é preciso sofrer, e sofrer muito, um inteiro calvário, e assim talvez mereça nota de rodapé em letras miúdas no expediente dos fatos culturais, ou por obra de algum curto congresso, numa universidade nova, às voltas com um "autor inexplorado" e que ninguém ainda abordou academicamente.

Mas temos um problema: o mundo da troca de ideias mudou tão abruptamente, que em menos de uma década, boa parte da comunicação e educação institucionalizada simplesmente perdeu a rédea do que é, de fato, novo e revolucionário. O que significa que novos escritores agora podem pular o tradicional calvário para um universo de novas ferramentas de visibilidade e aprimoramento de seu trabalho.

E é nesse interim que as Oficinas de Escrita Criativa afloram com força total. E da mesma forma que elas e seus alunos são alvo de preconceito e ignorância, por aqueles que creem na necessidade da presença de oráculos, a separar o que pode do que não pode, essas formas modernas e muito eficazes de promover a leitura e o conhecimento, ganham uma grande e não menos crescente procura de quem nunca antes pode fruir a boa literatura em toda sua extensão.

Aceitem ou não, mas nesse exato instante centenas de Oficinas de Escrita Criativa acontecem Brasil afora. E não somente de forma presencial, mas também virtual, pela rede mundial de computadores, e inovadoramente promovem a literatura e a criatividade literária onde os "midiatas" e os "escolatas" não conseguem fazer qualquer diferença.

Outro ataque comum é contra autores que se propõem a ministrar as Oficinas. E quem ataca muitas vezes é por ciúme, porque não sabe o que é uma Oficina ou porque não pode, e se pode, o preconceito o impede. Se Machado de Assis ajudou a fundar a ABL para tentar um sustento digno e assim criou uma academia, hoje bastante questionável, qual o problema em autores no novo milênio promoverem suas próprias e modernas formas de sustento? E muito mais eficazes para a literatura do que uma muito exclusivista academia de eleitos?

E se o leitor desse texto é dos que torcem o nariz para livros com coletâneas de textos produzidos nas Oficinas, é bom arrumar seus pensamentos, pois sua próxima tese terá que ser sobre toda uma nova e verdadeira literatura brasileira, surgida e proposta através das valentes e fundamentais Oficinas de Criação Literária e sem qualquer academia para justificar seu comprovado sucesso.

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