Sobre macacos e copa em nossa terra brasilis

Eu não concordo com a campanha "Somos todos macacos". Não é que eu esteja sendo politicamente correto e, por isso, seja contra o bullying a estas pobres criaturas. Não é isso. É por eu achar que, de uma forma ou de outra, para o bem ou para o mal, já evoluímos e não cabe agora dizermos que somos todos primatas. Somos sim, todos humanos e somos iguais.

Já passamos por essa etapa da evolução. Além do sentido errado da campanha, acho que ela também, ao contrário de esclarecer, provocou ainda mais confusão na cabeça dos nossos semelhantes e inteligentíssimos estrangeiros.

Eu explico. Os gringos, que desconfiavam que no Brasil só tinha mato, que nossa capital é Buenos Aires, que nosso idioma é o espanhol, que aqui só tinha macaco, agora têm certeza. E quem confirmou isto para eles? Nós! Isto mesmo, nós. Quando eles estavam quase achando que havia aqui algum ser humano, estampamos várias camisetas dizendo que não, que aqui somos todos macacos. Ferrou! Vamos ter que começar todo o processo de convencimento de novo. Olha a trabalheira que teremos. Este pessoal demora a entender as coisas.

Imagine na copa. Em encartes turísticos de algumas embaixadas estrangeiras encontramos alertas para seus racionais conterrâneos. Neles, seus diplomatas pedem extrema cautela com bueiros explosivos, morcegos, cobras e quadrilhas organizadas. E isso procede! Fico muito preocupado com os alemães acostumados com toda a modernidade de seu civilizado país caindo nesta selva desumana que é São Paulo, ou sendo arremessados sobre uma tampa de bueiro com sua máquina fotográfica pelas ruas do Rio de Janeiro. Se bem que ele terá o privilégio da melhor vista de nossa cidade maravilhosa. E para chegar à Arena Pantanal então? Imagino que eles já estejam trazendo entre suas malas uma que contenha botas, roupas de mergulho, rifles, chapéu e tudo mais que for necessário para andar em águas pantanosas.

Mas não é só isso, eu incluiria ainda em seus folhetos a lista de perigos que relato agora. Em Natal nossos turistas terão que enfrentar fortes dunas, em Salvador muito cuidado com o acarajé, em Fortaleza atenção para animais perigosíssimos, os jumentos, em Pernambuco, redobrem os cuidados com homens gigantescos que assombram as ruas de Recife no carnaval, eles são muito altos e coloridos, no Amazonas, cuidado com o boto, neste caso, o perigo maior é o colega viajante perder a esposa, em Brasília muita atenção para uma raça de macacos sinistra conhecida pelo nome de Nasalis larvatus Direitusus Brazilis, esta espécie é a mais perigosa de todas, são capazes de tudo. Têm o nariz grande e, por mais brasileiros que sejam, vivem de costas para nossa terra, em Minas temos ETs, principalmente na região de Varginha, no Paraná cuidado com a frieza dos macacos de lá e, no Rio Grande do Sul, atenção com os gaúchos.

Fora isso podem vir tranquilos pobres turistas. Não se preocupem pois a maiorias dos animais aqui – olha só a sorte – são domesticados e fazem muito menos guerras do que seus racionais dirigentes da Europa ou dos EUA. Exemplos, nunca jogamos bomba nuclear em nenhum japonês, nunca perseguimos judeus ou provocamos duas guerras mundiais, nunca queimamos ninguém em fogueira alguma, nunca atacamos árabes e nunca construímos muros para dividir ninguém, mas olha, fazemos festas como ninguém, isto pode ter certeza.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor