Soneto do Tempo Novo

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Chegou a chuva, nem é Março,
As folhinhas/calendários estão molhadas,
Os dias escorrem por sobre a vidraça,
Pouco além do armário de portas quebradas.

Fez-se lodo sob o tanque, as avencas
Descem pelos portais, samambaias
Infiltram-se em tudo, musgos em pencas
Cobrindo as lajes, tal e qual saias.

A vida umedeceu nas prateleiras,
Entre novelas de tevê e noites frias,
Que gelaram todos os ossos e mentes.

Brotaram dos sapatos cogumelos:
Mas assim que surgir um tempo novo,
Semearei minhas guardadas sementes.

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