Tal lá como cá
O modelo neoliberal do PSDB sempre refletiu como um espelho no Paraná e agora em Foz do Iguaçu numa aliança, até há pouco estranha, com o PSB. O Governo de Beto Richa (PSDB) de hoje é o futuro do Governo de Reni Pereira (PSB/PSDB) amanhã.
Publicado 19/02/2014 14:53
Ambos também estão ligados por um cordão umbilical com Edson Casagrande (ex-DEM e neo PSB), secretário Estadual de Assuntos Estratégicos. Mas o tema desta coluna não é apontar as ligações entre aliados com interesses pra lá de suspeitos na ponte aérea Curitiba-Foz do Iguaçu.
O Governo de Beto Richa elegeu-se a base de dezenas de propostas que foram engolidas por uma gestão fraca e notadamente habilidosa em mentiras com aparência de verdades cristalinas.
Chega-se o segundo ano do mandato do prefeito de Foz, Reni Pereira, e o mesmo acontece. O prefeito ganhou eleição prometendo mudanças, e até o momento as grandes transformações foram teatrais, onde tenta esconder uma gestão ruim, repleta de forasteiros, com desculpas, e pouca atitude.
Para esconderem uma administração incompetente, ambos alegaram que assumiram a máquina pública "falida". Beto Richa até hoje, no seu último ano a frente do Estado, joga a culpa no seu antecessor, Orlando Pessuti/Roberto Requião. Reni Pereira credita ao ex-prefeito Paulo Mac Donald todos os fracassos recentes.
Com as estruturas do Estado e prefeitura inchadas de cargos comissionados, os dois aliados sofrem com a falta de corpo técnico competente. Aliás, a promessa de enxugar a máquina pública, retirando da folha de pagamento dos cidadãos cargos políticos nunca saiu do papel nos dois governos. Pelo contrário…
Voltando ao assunto. A incompetência administrativa e financeira tornou a prefeitura de Foz do Iguaçu em uma porta giratória de contratos suspeitos. Em um deles o Município pagará R$ 4,1 milhões para o Instituto Falconi (consultoria mineira, que já é repetida em outros municípios gerenciados por tucanos, como Pelotas – RS) analisar gastos e apontar a racionalidade de recursos. O que não passa do simples dever daquele eleito para comandar uma das maiores cidades paranaenses.
Privilégio iguaçuense? Não. O Governo Richa também mantém contratos questionáveis e da mesma maneira tenta passar para mãos de terceiros a responsabilidade exigida pelo cargo ocupado. Apenas utilizou-se de outro recurso: a privatização.
Quem não se lembra do fatídico projeto 22/2013 de privatização de serviços como a saúde, ensino superior, deportos, cultura, assistência social entre outros? Felizmente, graças a pressão popular, a proposta foi, esperamos, sepultada, mas eu arrisco apostar que está adiada.
Se já não bastassem as coincidências uterinas entre os governos, Reni Pereira e Beto Richa "duelam" para entregar a saúde pública na mão de terceiros. Mais uma vez empurram suas responsabilidades para outros atores.
O governador encaminhou proposta para que entidades privadas possam controlar a saúde paranaense através de uma Fundação Estatal em Saúde (Funeas). A proposta que tramita na Assembleia Legislativa simplesmente desmontará a Secretaria Estadual de Saúde.
A Fundação irá aumentar as despesas intermediárias e a longo prazo trará novos problemas ao setor, principalmente com terceirizações que comprometerão a qualidade dos serviços. Isso sem contar a dificuldade de fiscalização dos gastos de tal entidade.
Os pacientes de Foz do Iguaçu já sabem como uma Fundação de Saúde pode ser perigosa para o SUS. A gestão do único hospital público está na mãos de aliados políticos de Beto Richa e de Reni Pereira através da Fundação Municipal de Saúde desde junho do ano passado.
O que é visto até agora na fronteira é uma gestão com desperdício do dinheiro público, salários abusivos de diretores, falta de transparência dos gastos hospitalares e terceirizações dos serviços com valores e critérios duvidosos.
Está mais do que claro que a aliança de Beto Richa e Reni Pereira não está entrelaçada somente pela cartilha neoliberal tucana, mas também pela incompetência de gerir a máquina pública. Ou uma é resultado da outra?