Mesmo sem usar nenhuma metáfora belicista ou gastronômica considero um erro qualquer tentativa de aproximação amigável da direção sindical com o governo Bolsonaro.
O sindicato dos engenheiros de São Paulo convidou o ex-ministro Aloízio Mercadante para apresentar aos seus diretores o Programa Emergencial de Emprego e Renda elaborado por ele e um grupo de economistas do PT, da Unicamp e do Dieese.
Para o movimento sindical brasileiro não vigora a máxima de que tudo deve mudar para que tudo continue na mesma. As mudanças, que já ocorreram e que estão ocorrendo, vieram para ficar e já impedem que tudo continue como antes.
Uma coisa é certa na história sindical e política do Brasil nos últimos 70 anos: o protagonismo dos metalúrgicos de São Paulo, de seu sindicato e de seus dirigentes.
Não quero discutir a alienação, a incompreensão e o desleixo do andar de cima (na expressão do meu amigo Elio Gaspari) com o drama vivido por milhões de brasileiros desempregados ou sem trabalho.
Diga-se a bem da verdade que entre o movimento sindical em sua história duplamente secular e o desemprego dos trabalhadores há estranhamento.
Alguém que lê os jornais preocupado com a situação dos trabalhadores é bombardeado todo dia com as notícias mais aterradoras.
Quando a situação é adversa e a correlação de forças muito desfavorável uma estratégica de resistência pressupõe que se use a tática da contenção de danos.
O maior problema atual para o trabalhador brasileiro é o desemprego. Desorganiza a sociedade e impõe uma forte trava à ação sindical. Como enfrentá-lo?
Passada a euforia (deles) pela aprovação na Câmara dos Deputados da deforma da Previdência e seu envio para o Senado, ele será obrigado a votar o mesmo texto aprovado (sem modificações como aconteceu na votação senatorial da deforma trabalhista), mas tentará aprovar uma esdrúxula PEC paralela que pode contrabandear a capitalização.
A conjuntura sindical negativa, que impõe uma estratégia defensiva de resistência, não recomenda que se abaixem as bandeiras do movimento com ilusões disparatadas.
Sindicalmente falando alguém pode ter ilusões com o governo Bolsonaro?