Vivendo como todos os brasileiros a dramaticidade do momento eleitoral os ativistas e dirigentes sindicais não estariam isentos de seus efeitos que podem ser desorientadores.
Em texto anterior destaquei a fase má do sindicalismo nas campanhas salariais em curso e exigi que se valorizassem os resultados positivos porventura alcançados.
Os jornalistas, assim como Montaigne o era, são “viciados em imediatismo”. Isso decorre do exercício de sua profissão que lida com os fatos recentes e deve noticiá-los no ritmo frenético dos acontecimentos.
Alguém me contou que uma respeitada e experiente dirigente sindical acossada pelos problemas, confidenciou em sua rede social que “dorme, dorme, dorme e não consegue descansar”.
Estamos às vésperas do primeiro turno eleitoral, um exagero que pode ser desculpado pela urgência em definir desde já as candidaturas preferidas. Faltam apenas 45 dias para o primeiro turno, tempo que passa muito rápido.
Todos os brasileiros estamos aterrorizados pelo desemprego, os que estão desempregados e os outros que percebem o grau de desorganização causada pela aterradora situação. Quem se regozija pelo desemprego só pode ser um vampiro da sociedade, um monstro.
As propostas trabalhista e sindical registradas pelo candidato Bolsanaro na Justiça Eleitoral e que fazem parte de seu programa de governo, totalmente submisso a Paulo Guedes, representante da bolsa, da banca e dos rentistas, são um ultraje à história de resistência e de organização dos trabalhadores. Merecem repulsa.
Sobre as próximas eleições a direção do sindicato dos metalúrgicos de Curitiba tomou a importante decisão de valorizar de agora em diante em todos os materiais de divulgação do sindicato os candidatos que estiveram junto com os trabalhadores e apoiaram suas reivindicações e lutas, merecendo, portanto o voto dos trabalhadores, seja para a sua reeleição, seja para uma eleição nova.
Nesta situação angustiante dos trabalhadores e do movimento sindical quero fazer para os dirigentes três perguntas cujas respostas determinarão em grande medida nossa capacidade de resistência à crise, de sobrevivência e de superação.
Os números são aterradores e todos os jornalões os repercutiram: 66 milhões de brasileiros e de brasileiras em idade de trabalhar (excluindo-se na população os muitos jovens e os muitos velhos) estão fora do mercado de trabalho por desemprego, por desalento ou por subutilização.
Há uma página inteira no jornal Valor de segunda-feira, 30 de julho, assinada pela experiente Thais Carrança que descreve de modo pertinente alguns problemas enfrentados pelos sindicatos em decorrência da lei trabalhista celerada.
Durante a ditadura, com a linguagem arrevesada que usavam em suas ordens do dia, os militares falavam em atoarda, querendo dizer aquilo que hoje chamamos de “fake news”, mas dando à palavra um sentido belicoso e exagerado de gritaria ou escarcéu. Era, por exemplo, a atoarda dos que denunciavam os crimes da ditadura.