Fiquei estarrecido e incomodado com a dupla ignorância sobre o sindicalismo revelada durante as discussões no STF, ignorância sobre os sindicatos no Brasil e sobre os sindicatos em outros países e sua comparação com os nossos.
A previsível derrota da cúpula sindical e de seus operadores do direito no STF que reconheceu por seis votos contra três a constitucionalidade da lei trabalhista celerada no que diz respeito ao caráter não compulsório das contribuições dos trabalhadores e das empresas para o custeio do sistema vai impor à luta novos e pesados constrangimentos, muito além dos que já vinha sofrendo desde a promulgação da lei.
Com seis meses de vigência da lei trabalhista celerada os jornalões trombetearam que o número de ações caiu 40%. Este parece ser o grande resultado visível da iniquidade da lei com as barreiras criadas por ela ao acesso à Justiça do Trabalho.
Os que leem os textos que publico em vários sites percebem que evito me intrometer em política partidária. O faço não por subestimar a ação dos partidos, mas para valorizar a própria ação sindical que não deve ser mera correia de transmissão, mas autônoma e pluripartidária. Não posso e não devo tomar partido, passe o trocadilho.
Há duas linhas expressivas que atravessam toda a sociedade e se cruzam formando o X da questão.
A confusão é geral e a perplexidade infesta, com razão, todos os quadrantes da vida nacional.
Com a ajuda do Dieese, as centrais sindicais brasileiras aprovaram a agenda prioritária da classe trabalhadora para os embates eleitorais com democracia, soberania e desenvolvimento: justiça social, trabalho e emprego.
O bom senso indica que na ordem natural das coisas a grande preocupação do movimento sindical (atormentado pelos efeitos nefastos da lei celerada e confortado por sua criminalização pela OIT) deve ser a participação no processo eleitoral que já se encontra a pleno vapor apesar do cronograma legal.
Ainda estamos no olho do furacão e é cedo para analisar com seriedade toda a situação. Até outubro e as eleições muita água vai rolar.
Para não repetirmos as perplexidades que nos assolaram sobre as “jornadas de junho” de 2013 devemos analisar a paralisação dos caminhoneiros de uma maneira esclarecida e informada.
A situação é desoladora, a economia não deslancha, o Brasil retrocede vinte anos com quase 30 milhões de brasileiros subutilizados no mercado de trabalho e a histeria dos rentistas fica cada vez mais forte.
A cada dia se confirma que a lei trabalhista celerada cria insegurança jurídica e, ao excitar o patronato levando-o a “atirar pela vontade de matar”, também cria insegurança social e econômica.