Para a massa de milhões de brasileiros uma nova Divina Comédia não teria o Paraíso somente o Inferno e o Purgatório. O Paraíso seria reservado para uma ínfima minoria de tubarões que se locupletam com a desgraça geral enquanto os lugares de sacrifício se encheriam com as multidões de trabalhadores e de seus aparentados.
O movimento sindical dos trabalhadores e seus aliados venceram a batalha contra a deforma previdenciária por Walkover quando seu adversário desistiu da luta por fraqueza e outro interesse oportunista.
É preciso saudar enfaticamente a vitória dos metalúrgicos alemães do estado de Baden-Wuerttemberg, organizados pelo poderoso sindicato IG Metall, que após uma semana de greves conseguiram uma forte redução da jornada de trabalho, de 35 para 28 horas semanais e um aumento de salário de 4,3% (o acordo é válido por um ano para todos os trabalhadores e contém cláusulas a serem negociadas).
Quando o calendário é invadido por acontecimentos tão grandiosos como o carnaval o analista fica desorientado pela falta de assunto em sua seara própria. Isto pode ser constatado em todas as mídias em que a carência de novidades condena-o ao rame-rame, à invencionice e às falsidades.
Tem aparecido aqui e ali a ideia verbalizada por acadêmicos e comentaristas, por ativistas sindicais ou por trabalhadores comuns e endossada, às vezes, por votos de juízes trabalhistas bem intencionados, de que os aumentos reais e demais benefícios conquistados pelos sindicatos em suas negociações com os patrões ou na Justiça do Trabalho devem valer apenas para os associados.
Me diz o velho comunista que vive em mim: “As massas estão em movimento”.
Toda luta, prolongada ou não, deve ter um objetivo claro que a orienta. Cada campanha, levando em conta os recursos disponíveis, deve ter metas bem precisas e capazes de balizar o seu curso.
Nesta enervante conjuntura o movimento sindical sofre, além das consequências dela, a paralisia frente às tarefas que lhe são impostas sem que as eventuais bravatas signifiquem algo mais do que “som e fúria”.
A primeira reunião de 2018 da diretoria do sindicato dos metalúrgicos da grande Curitiba aconteceu nesta segunda-feira, dia 15, na nova sede, um edifício imponente no centro da cidade que homenageia um dos dirigentes históricos, o Chico Gorges. (Para se ter uma ideia do tamanho do prédio basta dizer que em suas garagens podem ser acomodados 200 carros).
Elogio em boca própria é vitupério, mas não posso me calar quando constato acontecimentos que confirmam o que ando escrevendo.
Apesar da maciça propaganda do governo e sua repercussão pelos agentes do mercado a situação econômica para o povo trabalhador não é a maravilha que trombeteiam; apenas parou de piorar.
Os argutos cientistas políticos têm inventado um grande número de conceitos para definir a balbúrdia em que vivemos: semiparlamentarismo, presidencialismo de cooptação, semipresidencialismo e muitos outros.