Os trabalhadores brasileiros continuam apreensivos sobre a situação nacional. Apreensivos, mas não passivos. Em inúmeras campanhas salariais têm conseguido reajustes que garantem o poder de compra dos salários e em algumas delas conquistaram aumentos reais. Vários sindicatos têm enfrentado a onda de demissões e resistem ao desemprego com mobilizações e greves.
Alguns otimistas mal intencionados garantem que a recessão ficou para trás e que de agora em diante a economia vai melhorar. Fiapos de dados estatísticos são convocados para sustentar tal tese, mas ela não deixa de ser o que é, uma piedosa, hipócrita e confusa intenção.
Todos aqueles que pensaram no afastamento da presidente Dilma como uma forma de pacificar o país e estabilizar a situação política, restaurando-se a moralidade pública, erraram feio.
A cúpula do movimento sindical brasileiro encontra-se dividida a respeito do governo Dilma e de sua destituição. Esta mesma cúpula encontra-se menos dividida a respeito das expectativas sobre um governo Temer.
A data universal de comemoração do Dia do Trabalhador levou tempo a ser estabelecida.
Uma pequena nota na Folha de hoje, segunda-feira, informa que quatro das centrais sindicais reconhecidas (FS, UGT, CSB e Nova Central) irão amanhã ser recebidas pelo vice-presidente e “cobrarão menos juros e mais empregos”.
Depois dos momentosos acontecimentos dos últimos dias, com a Câmara dos Deputados em foco o tempo todo, a cobertura hoje, segunda-feira, dos jornalões de São Paulo me pareceu contida.
Escrevo hoje, sexta-feira 15 de abril e até domingo haverá muita negociação republicana sobre os votos dos deputados; o jogo ainda não foi jogado. A mídia, no entanto, já dá como certo o resultado da votação, discute a composição do novo governo (mesmo que a sua efetivação não seja imediata) e tenta criar, junto com Eduardo Cunha, o efeito manada. Para mascarar a artificialidade do processo há que respeitar os rituais e embotar o fio dos cortes da Lava-Jato.
Na sexta-feira, 8 de abril, os três grandes jornais de São Paulo publicaram, como matéria paga, um manifesto assinado por 17 dirigentes sindicais importantes e representativos.
A luta contra a recessão sempre foi dura. É defensiva ao extremo e as parcas vitórias merecem a comemoração em dobro. Cada emprego poupado, cada ganho de salário, cada direito validado merecem medalha.
Em momentos como o que vive a nacionalidade brasileira avolumam-se análises apressadas, enviesadas e emotivas sobre a situação e também sobre os protagonistas, sejam indivíduos, instituições, partidos e movimentos.
Acumulam-se as evidências da severa e prolongada recessão na economia brasileira com seus efeitos nefastos na renda dos trabalhadores e no emprego, embora não homogênea em seus desdobramentos.