Afirma-se a cada instante o papel destacado do PCdoB na resistência ao golpe. Exemplo de coerência e coragem.
A possível aprovação da admissibilidade do pedido de impeachment pela maioria da Comissão da Câmara não será surpresa. Ali se joga com cartas marcadas.
Qualquer que seja o desfecho do processo de impeachment contra a presidenta Dilma, que ainda tem chão pela frente (a despeito do barulhento noticiário), a História consignará, adiante, o quanto pernicioso terá sido para ao processo democrático brasileiro o butim praticado pelo complexo oposicionista partidário-midiático.
Não terá sido fácil a trajetória do PCdoB, que completa, neste dia 25, noventa e quatro anos de existência ininterrupta.
A marcha golpista chega ao auge. O grampo da conversa entre a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula, irresponsável e absurdamente divulgado pelo delegado Moro e reverberado à exaustão pela Rede Globo e congêneres, tem a clara intensão de botar gente na rua para pressionar pelo impeachment. De quebra, desgastar o presidente Lula, que a direita teme como hipotético adversário no pleito de 2018.
Ambas amedrontadas aos primeiros sinais da decolagem. A do assento da janela, menos. A do meio, ao meu lado, pupilas dilatadas, voz trêmula:
Ser estrela até que seria fácil, sair do Estácio – cantava Noel – era o "x" do problema.
Não está fácil, amigos: as vinte e quatro horas do dia, por todas as mídias, a ofensiva da direita é total. Feito operação militar de cerco e aniquilamento.
Se tudo vale a pena quando a alma não é pequena, como nos ensina o poeta Fernando Pessoa, em tempo de crise uma folha sequer não se move sem que algum significado tenha.
Nos tempos de criança, via a quarta-feira de cinzas como algo solene, religioso e até mórbido. “A missa de cinzas é para tirar os pecados do carnaval”, dizia a avó Neném, contrita e ameaçadora. Aos meninos da casa aquilo naturalmente parecia estranho. Afinal, que pecados teríamos cometido levados ao corso pelo próprio pai, folião entusiasta?
Perde na política quem carece de propostas consistentes. Pode até ganhar no curto prazo, mas em médio e longo prazo amarga a inevitável derrota.
Quase não há partidos "programáticos" no Brasil. O PCdoB é umas das raras exceções – e, nesse sentido, a mais expressiva.