No espectro político, o centro se comporta em qualquer lugar do mundo como no Brasil: alia-se com a esquerda ou com a direita conforme a direção do vento.
Ainda nos primeiros tempos do retorno do exílio, precisamente em 1982, conversávamos Miguel Arraes, eu e ex-deputado Artur Lima Cavalcanti, e o tema era a necessidade do ex-governador retornar de imediato aos embates eleitorais.
No Senado, à revelia da verdade dos fatos, da norma constitucional e da opinião pública internacional e da crescente rejeição do povo brasileiro, o processo de impeachment avança.
Agora no Senado, o processo de impeachment segue como vértice da tendência crescente à radicalização do conflito político. Em todas as suas dimensões – da frente parlamentar aos movimentos sociais.
Aeroporto dos Guararapes, 23h40. Pessoas muito humildes recepcionam seus familiares, que chegam em voos de diversas partes do país.
Afirma-se a cada instante o papel destacado do PCdoB na resistência ao golpe. Exemplo de coerência e coragem.
A possível aprovação da admissibilidade do pedido de impeachment pela maioria da Comissão da Câmara não será surpresa. Ali se joga com cartas marcadas.
Qualquer que seja o desfecho do processo de impeachment contra a presidenta Dilma, que ainda tem chão pela frente (a despeito do barulhento noticiário), a História consignará, adiante, o quanto pernicioso terá sido para ao processo democrático brasileiro o butim praticado pelo complexo oposicionista partidário-midiático.
Não terá sido fácil a trajetória do PCdoB, que completa, neste dia 25, noventa e quatro anos de existência ininterrupta.
A marcha golpista chega ao auge. O grampo da conversa entre a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula, irresponsável e absurdamente divulgado pelo delegado Moro e reverberado à exaustão pela Rede Globo e congêneres, tem a clara intensão de botar gente na rua para pressionar pelo impeachment. De quebra, desgastar o presidente Lula, que a direita teme como hipotético adversário no pleito de 2018.
Ambas amedrontadas aos primeiros sinais da decolagem. A do assento da janela, menos. A do meio, ao meu lado, pupilas dilatadas, voz trêmula:
Ser estrela até que seria fácil, sair do Estácio – cantava Noel – era o "x" do problema.