Historicamente, eleições no Recife tendem ao acirramento. E ganham um traço de relativa imprevisibilidade – que reclama descortino estratégico e tático.
Alguém de outras plagas, habituado a composições partidárias mundo afora, ao se debruçar sobre as alianças eleitorais em construção para o pleito municipal no Brasil certamente experimentará estranheza.
O ano eleitoral prenuncia uma campanha assinalada por novas variáveis que poderão influenciar o seu curso.
O hábito é antigo – compartilhado com milhões de brasileiros. Antes, rasgar papel, desvencilhar-se de tudo o que já não tem importância; com o computador e a internet, deletar.
Dessas conversas que a gente ouve no elevador quase sem querer, no breve transcurso da garagem ao sétimo andar da Prefeitura:
Não está fácil prever com alguma dose de mediana certeza o que acontecerá nos dias subsequentes, na atual situação política nacional.
Analistas responsáveis e isentos – da pernambucana Tânia Bacelar a consultores de grandes investidores externos – dizem que o Brasil é muito maior do que a crise – e, portanto, superaremos os impasses econômicos e, adiante, retomaremos o crescimento.
Logo cedo, ouço no rádio uma bateria de "analistas" e personalidades várias (incluindo o próprio advogado Miguel Reale Junior, um dos subscritores do pedido de impeachment), todos em trincheiras da ultra-direita, cuidando do "clima" que desejam favorável ao golpe.
Ontem, por ocasião do lançamento do livro "Dossiê Itamaracá", de Joana Côrtes – rico registro da vida e da luta no pavilhão dos presos políticos na Penitenciária Barreto Campelo, sob a ditadura militar -, como que em flash back, me veio à mente a emoção da chegada ao presídio, após mais de quarenta dias sob tortura do DOI-CODI e uma passagem pela Polícia Federal de Alagoas.
Ontem, em entrevista que concedi a uma repórter interessada em desvendar semelhanças e diferenças entre a crise política atual e outras crises ocorridas na história recente do Brasil, ao final a pergunta recorrente: “É verdade que a eleição no Recife passará pela de Olinda?”
Realizam-se Conferências Municipais do PCdoB em todo o país. Cumprindo a norma estatutária, faz-se o balanço da atividade desenvolvida no último biênio, atualiza-se a orientação política e se elege a nova direção partidária.
Quando o presidente Epitácio Pessoa nomeou Pandiá Calógeras ministro da Guerra, em outubro de 1919, desencadeou a primeira crise do seu nascente governo. Os chefes militares reagiram como se fora uma afronta ter tão estratégico posto ocupado por um civil.