Logo cedo, ouço no rádio uma bateria de "analistas" e personalidades várias (incluindo o próprio advogado Miguel Reale Junior, um dos subscritores do pedido de impeachment), todos em trincheiras da ultra-direita, cuidando do "clima" que desejam favorável ao golpe.
Ontem, por ocasião do lançamento do livro "Dossiê Itamaracá", de Joana Côrtes – rico registro da vida e da luta no pavilhão dos presos políticos na Penitenciária Barreto Campelo, sob a ditadura militar -, como que em flash back, me veio à mente a emoção da chegada ao presídio, após mais de quarenta dias sob tortura do DOI-CODI e uma passagem pela Polícia Federal de Alagoas.
Ontem, em entrevista que concedi a uma repórter interessada em desvendar semelhanças e diferenças entre a crise política atual e outras crises ocorridas na história recente do Brasil, ao final a pergunta recorrente: “É verdade que a eleição no Recife passará pela de Olinda?”
Realizam-se Conferências Municipais do PCdoB em todo o país. Cumprindo a norma estatutária, faz-se o balanço da atividade desenvolvida no último biênio, atualiza-se a orientação política e se elege a nova direção partidária.
Quando o presidente Epitácio Pessoa nomeou Pandiá Calógeras ministro da Guerra, em outubro de 1919, desencadeou a primeira crise do seu nascente governo. Os chefes militares reagiram como se fora uma afronta ter tão estratégico posto ocupado por um civil.
“Mas a vida, a vida, a vida,/a vida só é possível/reinventada”, ensina Cecília Meireles. Entretanto, muita gente gostaria de ter um “manual de instruções” com fórmulas prontas para cada nova situação, tamanha a perplexidade que experimenta diante do evolver multifacetado da vida.
O jogo é pesado e tem motivações muito mais profundas do que o que aparece na superfície – que por si já tem o peso de cinquenta transatlânticos, a tentativa de interromper o mandato da presidenta Dilma.
O noticiário sobre a complexa e intrincada situação política embaralha tudo, segundo os interesses unânimes da grande mídia oposicionista.
Pouco mais de um mês antes da posse, que ocorreria no primeiro dia de 2003, o presidente Lula foi recebido em almoço na Prefeitura do Recife pelo então prefeito João Paulo, eu e alguns integrantes de nossa equipe de governo.
A diferença é que entre 1946 e 1964, quando se notabilizou na cena política brasileira, situando-se à direita e acicatando governos constituídos pelo PSD e pelo PTB, a chamada "banda de música da UDN" reunia gente de talento. Na rinha parlamentar, Carlos Lacerda, Afonso Arinos, Bilac Pinto, Adauto Lúcio Cardoso, Aliomar Baleeiro e outros, compareciam com um discurso articulado e plasticamente palatável.
Já nos estertores do regime militar, meados de 1982, se não me engano, numa reunião do Comitê Central do PCdoB, ainda na semiclandestinidade, João Amazonas observa, de passagem, em seu informe, a disposição de se encontrar com o vice-presidente da República:
Mar revolto, tempestade persistente, bússola avariada, ameaças por todos os lados… Para onde vamos?