Recorrente em certos círculos a afirmação de que "no Brasil já não se fazem alianças ideológicas" nas eleições. E a coisa é dita não raro com certa empáfia por 'cientistas políticos" sempre prontos a destilar diatribes contra os partidos políticos, sem considerar a história real. Nem a verdadeira natureza da conjugação de forças na peleja eleitoral.
Ariano Suassuna costuma dizer que quando escuta alguém defender a “tese” de que não há mais esquerda nem direita, de olhos fechados ele vê que o dito cujo já foi de esquerda e migrou para a direita. E deseja embaçar a triste travessia aos olhos de quem o observa.
Que a grande mídia bata forte no PT, em Lula e Dilma e que os porta-vozes demo-tucanos também o façam, tudo bem. Faz parte do jogo pesado da sucessão presidencial. Mas não precisa atravessar o samba tanto assim.
A primeira parte do título é expressão é muito comum, usada para justificar a multiplicidade de opiniões em relação à vida. Via de regra argumento simples para a defesa da pluralidade partidária: se o Brasil é imenso e complexo, natural que na busca de compreender e transformar (ou não) a realidade surjam diversas correntes de pensamento. E que se traduzam através de partidos políticos.
Primeiro, estejamos de acordo que carnaval é antes de tudo prazer. Dever apenas para os que, por ofício ou necessidade, atravessam os dias de Momo envoltos em obrigações profissionais.
Vi outro dia na TV que empresas aéreas cobrarão 75% a mais do valor da passagem dos gordos que não conseguirem se acomodar confortavelmente no assento. A Air France parece que é a primeira a proceder assim. Em vôos internacionais e domésticos.
Com movimentos ágeis põe o queijo, dobra a massa, enrola numa folha de bananeira e a oferece ao freguês: – Pronto, doutor, está no ponto. E não é para me gabar não, mas duvido quem faça melhor.
Aconteceu poucas vezes. Inesquecíveis, todas. Ele nos levava de ônibus da Lagoa Seca, onde morávamos, até Ponta Negra, que na segunda metade dos anos cinquenta era uma praia distante. Numa parte íngreme havia um varal com calções e maiôs para aluguel, anunciados numa placa tosca, e um quadrilátero de palha para que o freguês trocasse a roupa.
Dela soubemos apenas que nasceu em Fortaleza, mudou-se para o Rio de Janeiro onde viveu a infância, a adolescência e o começo da juventude, e alterou períodos fora do país – não disse onde – com retornos intermitentes à terra natal. O sotaque carioca conserva. E o gosto por peças e símbolos orientais, que mistura com motivos nordestinos na decoração da pousada.
“A praça! A praça é do povo/Como o céu é do condor/É o antro onde a liberdade/Cria águas em seu calor – proclamou o poeta para exaltar a luta libertária dos pernambucanos.
No cais nada parecia se mover. Um ou outro ruído distante acentuava o silêncio na tarde modorrenta. Quedou-se em reminiscências. Olhos semicerrados, imagens se superpondo, ora embaralhadas, ora seqüenciadas – tempos alternados, tempo presente. Como se estivesse diante de um espelho, redescobrindo-se, revisitando a própria vida. Como se reencontrasse e se reconhecesse em cada traço do rosto, no olhar, no leve sorriso.
“Olhos nos olhos/quero ver o que você diz…”, canta Chico Buarque. O olhar “fala”, por isso incomoda tanto conversar com alguém que desvia o olhar – não inspira confiança, semeia a dúvida; e tanto agrada o diálogo com quem nos encara de frente – passa sinceridade.