1° de Maio: Redução da Jornada, Já!

Estimativas indicam a participação de 8 milhões nos atos comemorativos deste Primeiro de Maio no Brasil. O número é expressivo e mais do que ele, o que se destaca é a bandeira que estes atos levantam. As centrais sindicais, unitariamente, decidiram que o tema central deles é a luta pela redução da jornada de trabalho sem a redução do salário.


 


 


Este Primeiro de Maio reforçará a campanha de coleta assinaturas de um abaixo-assinado endereçado ao Congresso Nacional que reivindica a aprovação imediata do Projeto de Emenda Constitucional (PEC)de autoria dos parlamentares Inácio Arruda (PCdoB-CE) e Paulo Paim(PT-RS) que estabelece a redução da jornada de 44 para 40 horas semanais. As centrais pretendem colher mais 1 milhão de assinaturas.


 


 


Em outras circunstâncias, a bandeira é a mesma dos mártires de Chicago que em 1886 desencadearam uma luta que tempos depois se tornou vitoriosa: a redução da jornada para 8 horas diárias. Nos séculos XVIII e no decorrer do século XIX as jornadas dos operários se estendiam até 17 horas. De lá para cá, decorrentes de décadas e décadas de batalhas, os trabalhadores foram arrancando do Capital um conjunto de conquistas. Em vários países a jornada já foi fixada, inclusive, abaixo das 40 horas.


 


 


No Brasil, a convicção de que chegou a hora da redução da jornada começa pelo presidente da República, que deu uma declaração favorável à medida. Todavia, será preciso muita pressão para dobrar a resistência do patronato. A PEC que propõe a redução “rasteja” há mais de sete anos pelas comissões do Congresso Nacional.


 


 


São consistentes os argumentos dos que advogam a redução. A produtividade da indústria cresceu mais de 150% nos últimos quinze anos. Ao lado disso, persistem, apesar dos avanços obtidos no governo do presidente Lula, altas taxas de desemprego e longas jornadas de trabalho. Cálculos de várias instituições prevêem que a medida resultaria na criação de mais 2 milhões de novos postos de trabalho. Além de melhorar a qualidade de vida do que trabalham, a redução da jornada seria boa para o país pois, propiciando mais empregos e melhor distribuição de renda, fortaleceria o mercado interno.


 


 


As comemorações do Dia Mundial dos Trabalhadores, que ocorrem em todos os continentes, pela paz e contra a guerra imperialista, contra a exploração capitalista, pelo direito dos povos ao desenvolvimento e a soberania, e pelos ideais do socialismo, confirmam a predição que August Spies, um dos operários mártires de Chicago, deixou lavrada na sua última defesa:


 


 


''Se com o nosso enforcamento vocês pensam em destruir o movimento operário – este movimento de milhões de seres humilhados, que sofrem na pobreza e na miséria, esperam a redenção – se esta é sua opinião, enforquem-nos. Aqui terão apagado uma faísca, mas lá e acolá, atrás e na frente de vocês, em todas as partes, as chamas crescerão. É um fogo subterrâneo e vocês não poderão apagar”.