Banco do Sul, para enfrentar a dependência
Não são novas nem poucas as críticas ao Banco Mundial, formalmente uma instituição multilateral de fomento, mas na prática dirigida […]
Publicado 29/05/2007 09:42
Não são novas nem poucas as críticas ao Banco Mundial, formalmente uma instituição multilateral de fomento, mas na prática dirigida pelos EUA (e em menor escala por outros países ricos). Para dizer o mínimo, incentivou, apoiou e financiou importantes pilares do projeto neoliberal na América Latina, como o desmonte dos Estadosnacionais, privatizações, abertura, etc. O mesmo vale para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Passando das críticas à ação, no último 22 de maio, na 5ª Reunião Extraordinária do Conselho do Mercosul, em Assunção (Paraguai), cinco países resolveram criar o Banco do Sul, com o objetivo de financiar o desenvolvimento na região, em especial obras do processo de integração subcontinental. O próximo passo será procurar os demais países sul-americanos para se somarem aos já signatários, Brasil, Argentina, Venezuela, Bolívia, Equador e Paraguai.
Acusando o golpe, publicações ligadas ao capital financeiro internacional, como o Financial Times, além de temores com “concorrentes dos credores estabelecidos”, revelaram que “com o dinheiro da Venezuela e a vontade política da Argentina e do Brasil, esse banco poderá ter muito dinheiro e uma abordagem diferente”. No Brasil, como de costume, não faltaram especialistas do setor financeiro a dar eco às supostas “inconveniências” do referido banco.
Em sentido inverso, do lado do setor produtivo e dos trabalhadores latino-americanos, soam vivas e esperanças ao Banco do Sul, como um instrumento próprio, sem ingerências das grandes potências. Vêem nele a possibilidade de lançar a um novo patamar o processo de integração e busca de auto-determinação latino-americana, bases de um projeto de desenvolvimento com valorização do trabalho.
Outras medidas no mesmo rumo estão em curso. Estuda-se a criação de um Fundo de Estabilização Regional, em substituição ao FMI, para prevenir ataques especulativos às moedas. E, a partir de julho, Brasil-Argentina começarão projeto-piloto eliminando a obrigatoriedade de uso do dólar nas transações internacionais.
Sublinhe-se que, no âmbito da ofensiva neoliberal predominante no mundo, essas medidas representam o aspecto afirmativo, construtivo da resistência dos povos. E só se tornaram viáveis em função das novas condições, advindas da ascensão de governos progressistas na América Latina e da ousadia, pressão e habilidade de suas lideranças populares e patrióticas.