IBGE revisa dados do PIB e a economia passa a ser a 10º no mundo

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) preparou nos últimos cinco anos um processo de reformulação das contas nacionais brasileiras e, na última quarta feira (21/03), divulgou os novos números da economia de 1995 a 2005. Na verdade, o IBGE passou a incorporar novas pesquisas de produção e consumo e reorganizou o peso específico de vários segmentos que ainda refletiam uma estrutura produtiva de 1985, ano em que o Instituto realizou o último censo econômico no país. O que esse dado revela é que a importante tarefa estatal de pesquisar de forma regular e com avançados critérios científicos todos os referenciais sociais e econômicos do Brasil também foi atingida seriamente pelo período em que se procurou desmontar o Estado brasileiro, especialmente durante o período dos governos de Fernando Henrique Cardoso. Chegou-se ao ponto de não haver recursos para pagar os pesquisadores de campo do IBGE. Mas ainda será preciso investir muito mais, para dar confiabilidade máxima a este que é uma das grandes instituições científicas brasileiras.



O presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, em entrevista ao jornal O Globo, ponderou que “apesar das mudanças estruturais do cálculo das contas públicas nacionais, a tendência de crescimento da economia continua. O que muda é a magnitude dos números. O IBGE optou por escolher o ano de 2000 como base de referência, já que os dados anteriores a este período eram insuficientes. O que podemos concluir com os números divulgados é que o país está se aproximando cada vez mais de uma economia madura”.  Já o ministro Guido Mantega concluiu que os dados “significam que a economia está crescendo a um ritmo mais acelerado, e alcançar um crescimento de 4,5% do PIB este ano se tornou mais fácil”.



Não foi somente o Brasil que reformulou os métodos para calcular as Contas Nacionais. Os Estados Unidos, a República Popular da China, a Espanha e a Austrália também fizeram revisões recentes. O coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto, afirma que “essa atualização é feita a cada cinco anos pelos EUA e Austrália. A Espanha também mudou seus números nos últimos anos, o que fez seu PIB crescer 5%. Na China houve reformulação mais profunda, com alterações superiores a 10%”. O mesmo Olinto relatou que “as contas (no caso brasileiro) foram melhoradas. Ajustes fundamentais foram feitos nos indicadores de administração pública e de instituição financeira. Anteriormente isto era feito por estimativa”.



No concreto, com o novo método, o PIB de 2005 foi revisado de um crescimento de 2,3% para uma expansão de 2,9%; o PIB de 2004 subiu de 4,9% para 5,7%; o de 2003 foi recalculado de 0,5% para 1,1%; e o de 2002 saiu de 1,9% para 2,7%; o PIB de 2001 manteve-se inalterado em 1,3% e o PIB de 2000 foi atualizado de 4,4% para 4,3%. Segundo uma agência de classificação de risco chamada Austin Rating, a revisão do PIB brasileiro de 2000  2005 permitiu que o país ultrapassasse a Índia, Austrália, Holanda e Coréia do Sul no ranking das maiores economias do mundo.



Nestes novos cálculos do PIB, entretanto, a principal nota negativa foi a taxa de investimento, que decaiu de 19,9% para 16,3% em 2005. Na próxima quarta feira saberemos os dados referentes a 2006. Este é um dos pontos mais importantes tratados no Programa de Governo 2007-2010, aprovado pela coligação que levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição no final do ano passado. Naquele documento, o nível da taxa de investimento proposto é de 25% do PIB, o que nos coloca ainda muito longe desta meta. O esforço que o governo pretende fazer, com a aprovação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) deve ser o de atingir este patamar, condição sine qua non para um crescimento sustentado, com distribuição de renda e valorização do trabalho.