Na Festa do Pan o Rio de Janeiro repercute os sentimentos do Brasil

  A abertura oficial dos Jogos Pan Americanos 2007 mostrou, mais uma vez, que o Rio de Janeiro é a […]

 


A abertura oficial dos Jogos Pan Americanos 2007 mostrou, mais uma vez, que o Rio de Janeiro é a caixa de ressonância do Brasil, onde ecoam e de onde se espalham os sentimentos de nosso povo.


 


 


A festa da tarde da sexta feira foi uma demonstração de brasilidade, que esteve presente na trilha sonora, aberta por uma marcante e emocionada interpretação do Hino Nacional pela cantora Elza Soares, e que foi adiante nos chorinhos de Pixinguinha, no “Brasileirinho” de Waldir Azevedo e nas passagens de Tom Jobim e Heitor Villa Lobos. E também na coreografia, que ressaltou a natureza, o sol, as praias, a maneira alegre e descontraída como os brasileiros encaram a vida.


 


 


Foi um espetáculo de afirmação nacional, frisando a autoconfiança deste povo empenhado em buscar seu rumo, autônomo e soberano. E que tem, no esporte, um espaço privilegiado para mostrar ao mundo suas qualidades e virtudes. As próprias figuras alegóricas apresentadas reforçam esta impressão, construídas com a mais autêntica “tecnologia de carnaval”,  desde o imenso jacaré que desfilou no Maracanã, até os bonecos gigantes típicos, lembrando alegorias da Marquês de Sapucai e das ruas de Olinda e Recife.


 


 


Mas a manifestação mais autêntica dos sentimentos populares veio das arquibancadas, na forma de vaias e aplausos. Elas indicaram preferências que vão além do esporte e, muitas vezes de forma rude, tomam os atletas como mote para a aprovação ou condenação de atitudes de nações ou governos. As vaias sobraram inclusive para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva – isoladas, contrastando com a aprovação popular ao governo e ao próprio presidente, que as pesquisas de opinião colocam nas alturas.


 


 


Mas fortes mesmo, e indisfarçáveis, foram as vaias recebidas pela delegação norte-americana, colocando os atletas num alvo que teria sido mais apropriadamente frequentado pelo presidente George Bush e por sua agressividade guerreira contra os povos. Mas que revelam um sentimento anti-imperialista confirmado, de certa forma, pelos aplausos intensos com que a delegação cubana foi recebida ao entrar no Maracanã.


 


 


São sentimentos que precisam ser registrados. O esporte é uma atividade que une os povos, aproxima as nações e reforça a amizade e a solidariedade, mesmo na disputa. Mas permite também a manifestação de concordâncias ou divergências populares. Há uma canção de Noel Rosa que diz “o samba é a corda, eu sou a caçamba”. A festa do Pan confirmou o Rio de Janeiro como a caçamba dos sentimentos populares.