Números do Datafolha reforçam candidatura de Netinho

A pesquisa Datafolha sobre a sucessão eleitoral na capital paulistana reforça a tendência de múltiplas candidaturas e torna ainda mais difícil um acordo, no primeiro turno, entre PSD e PSDB.

O empate técnico na liderança entre o ex-deputado Celso Russomano (PRB) e o vereador Netinho de Paula (PCdoB), além de pontuações razoáveis de Paulinho da Força (PDT) e Soninha (PPS), são importantes indicadores de que o eleitor tem, sim, opções que não as esboçadas pelos maiores partidos.

Nos cenários pesquisados, Russomano aparece sempre entre 16% e 20%, e Netinho entre 13% e 15%. Como a margem de erro é de três pontos, ambos estão empatados.

O deputado pedetista Paulo Pereira da Silva e a ex-vereadora do PPS Soninha pontuam na faixa entre 8% e 10%, a depender de cada cenário. Os melhores índices auferidos por Gabriel Chalita (PMDB) e Fernando Haddad (PT), mesmo com a exposição massiva na mídia, são modestos: respectivamente, 6% e 4%.

Posição de Netinho é forte e consistente

Muito embora a má vontade da grande mídia queira apontar o contrário, o fato é que o Datafolha aponta que a candidatura de Netinho de Paula é forte e consistente. Tal como ocorreu na disputa pelo Senado, o pré-candidato do PCdoB, mesmo sofrendo ataques constantes, mantem linha ascendente e se solidifica como uma liderança política forte na maior cidade do país.

Chama atenção o desempenho positivo de Netinho entre o eleitorado mais jovem, entre 16 e 24 anos, faixa em que o comunista chega a 20% das intenções de voto.

Vale destacar ainda que a pesquisa foi feita após a campanha de ataques e difamações ao Partido e suas lideranças, o que demonstra também que o PCdoB, ainda que não sendo uma das legendas grandes do estado, mantém seu capital político.

Cenário áspero para o tucanato

O único nome tucano que rompe a barreira dos 10% é o ex-governador José Serra. Quando este entra na consulta, atinge 18% e embola a dianteira com Russomano (16%) e Netinho (13%). Ou seja: a principal liderança do PSDB não coloca grande dianteira na disputa e sequer tem o primeiro lugar isolado.

A situação fica mais difícil quando se leva em conta que Serra é conhecido do eleitorado, tem o chamado recall de várias disputas majoritárias, e acumula o maior índice de rejeição dentre todos os candidatos, 35%.

Noves fora, a pesquisa desestimula a ala tucana que acreditava ter, na candidatura de José Serra, um porto seguro para a disputa. E reforça a posição dos que pretendem colocar figuras novas na eleição.

Por outro lado, dos nomes que disputam as prévias internas da legenda, nenhum apresenta desempenho alentador por enquanto. Bruno Covas, com 6%, é o mais bem situado, uma vez que José Aníbal tem 3% e Andrea Matarazzo e Ricardo Trípoli, apenas 2%.

Aliança PSD e PSDB ainda mais longe

O Datafolha também deve dificultar ainda mais um eventual acordo entre o PSD e o PSDB. O vice-governador Guilherme Afif, que aparece na pesquisa como postulante do PSD, tem apenas 3% das intenções de voto, percentual similar ao dos postulantes tucanos. Além disso, paira a incerteza quanto ao tempo de televisão que a recém-criada legenda terá para a disputa municipal, algo que tem muito relevo para eventuais acertos.

O ex-presidente Lula aparece como o maior potencial de transferência de voto: 48% dos pesquisados disseram que poderiam votar no candidato indicado por ele. O índice de Dilma é de 33%, do governador Geraldo Alckmin 31% e do prefeito Gilberto Kassab, 13%.

Quadro aberto reforça candidatura de Netinho (PCdoB)

Tudo somado, a pesquisa Datafolha mostra um quadro ainda em aberto e volátil, mas incômodo para os grandes partidos interessados numa eleição polarizada em dois campos.

Tucanos, petistas e pessedistas ainda não conseguiram, com suas alternativas, empolgar o eleitorado. O que estimula e dá mais força à construção e viabilização de mais candidaturas a serem apresentadas no primeiro turno.

Da parte do PCdoB, o projeto de lançar candidatura na maior cidade do país foi reafirmada e apontada como uma das prioridades nacionais da legenda.