Obama x McCain – polarização entre mudança e continuidade

Com votação recorde, as primárias do Partido Democrata chegam em sua fase decisiva ao mostrar que Barack Obama conta com o apoio da maioria dos delegados e super-delegados garantindo sua indicação para disputar a presidência dos Estados Unidos. Os democratas aguardam, agora, o momento em que a senadora Hillary Clinton irá oficialmente sair da disputa.



John McCain, candidato pelo Partido Republicano, deixou de se preocupar com a disputa interna desde março – quando sua candidatura foi consolidada. Está em campo, desde então, construindo sua campanha para suceder George W. Bush. A tarefa de McCain não é fácil. Bush amealhou em seus dois mandatos à frente da Casa Branca um dos maiores índices de reprovação da história dos governos dos Estados Unidos.



O descontentamento dos norte-americanos não é apenas em razão da desastrada política externa de Bush, mas também pela forte recessão que assola a economia do país. O desgaste acumulado resvala no Partido Republicano e joga água no moinho da mudança e, portanto, aumentam as possibilidades dos democratas. Além disso, a imagem de McCain está altamente associada com o discurso bélico, sendo ele mesmo um militar da reserva. O senador pelo estado do Arizona não esconde sua determinação em manter a postura agressiva de Bush e a ocupação do Iraque. Sua vitória nas eleições norte-americanas representaria a continuidade da política de terror praticada por George W. Bush.



Assim, não é à toa que as primárias democratas tenham ganhado tanta centralidade e conquistado observadores no mundo inteiro. A disputa interna entre Barack Obama e Hilary Clinton foi uma campanha a parte. Cada um explorando sensibilidades e fragilidades do outro, para conquistar votos e apoio.



Os discursos e plataformas das campanhas, tanto de Obama quanto de Hillary, estavam voltados para o público partidário e seria demasiado prematuro e até ingenuo acreditar que se manteriam inalteradas na disputa pela Casa Branca contra o republicano McCain. Como já se pôde aferir pelas recentes declarações de Barack Obama sobre o Oriente Médio e Cuba.



Contudo, a postura de Obama nesses meses, além de navegar nesse desejo por modificações na Casa Branca, despertou a esperança dos setores progressistas dentro e fora dos Estados Unidos de que a Mudança (slogan de sua campanha) é não só desejável, mas possível.



O que não se pode determinar, ainda, é qual será a extensão e o sentido das mudanças que o candidato democrata, caso eleito, irá promover e, muito menos, se elas atenderão às expectativas criadas por milhões de observadores internacionais.



O fato é que a polarização entre mudança e continuidade que pauta a corrida pela Casa Branca atinge direta e indiretamente todo o mundo, tamanho o poderio que ainda possui o império norte-americano. O que faz com que os povos não assistam de forma indiferente ao desenrolar dos acontecimentos nos Estados Unidos.