Os arautos da crise e a mitificação do desenvolvimento

Poderia ser enredo de um daqueles filmes campeões de bilheteria, nos quais o bem e o mal estão em constante embate. O vilão faz artimanhas e cria situações para prejudicar o mocinho, para quem tudo vai bem e não há com o que se preocupar.


 


Trata-se dos últimos debates entre oposição e governo acerca do PAC e da crise americana. Os arautos da crise querem a todo custo fazer crer que o PAC é um fracasso, composto de projetos que estão empacados e serviriam apenas de discurso para o governo. Agregam a esse cenário, os novos desdobramentos da crise norte-americana, com ameaça de recessão e que, pelos prognósticos da oposição e da mídia conservadora, incidirão sob a economia nacional como um petardo devastador. Aliás, aproveitam o ensejo de uma possível crise para defender que governo adote medidas preventivas, entre as quais sugere-se o corte de gastos do Estado e indicam além de programas sociais, reorientações no PAC.


 


O governo, por seu lado, apresenta o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento não apenas como o carro chefe da segunda gestão de Lula, mas também como vacina e âncora da economia brasileira contra as possíveis trepidações externas. Para o executivo federal, o PAC vai bem, está obedecendo as etapas previstas para a sua implantação e irá ser uma injeção de robustez na veia da economia, como afirmou a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.


 


Mas, como na ficção, ambos os extremos não passam de uma exacerbação da realidade. No caso do PAC, ele nem é um sucesso de bilheteria e muito menos trata-se de um fracasso. Iniciativa importante de criação de projetos orientados para investimento na infraestrutura, o PAC ainda se ressente de uma visão mais estratégica do país, além de ser afetado pela política econômica conservadora aplicada pelo Banco Central. A manutenção das altas taxas de juro represa a economia e afugenta o investimento do capital privado, que prefere se multiplicar no mercado financeiro. Se os ortodoxos do Banco Central seguem tão firmemente as orientações econômicas do Tio Sam, porque não aproveitam o exemplo e definem um corte para a taxa Selic?


 


Quanto a crise norte-americana, sempre há polêmicas econômicas que podem tanto comprovar uma avalanche quanto o acomodamento da economia. Mas o fato é que não se pode negar que o Brasil está mais preparado para enfrentar tais turbulências e, portanto, não há que se tratar a situação com alarmismo e fazer cortes e reorientações precipitadas que, no fim das contas, só prejudicam o povo.


 


Bandeira das mais significativas para o Brasil e seu povo, o desenvolvimento deve ser visto com seriedade e empenho para fazer com que haja, de fato, uma reorientação da economia nacional. O anúncio de 1 ano do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, aponta avanços, porém ainda resvala em muitas deficiências e pouca ousadia política para de fato acelerar o crescimento nacional.