Sede da UNE e avanços democráticos

O presidente Lula participou, terça-feira, da solenidade pública que reconheceu oficialmente a responsabilidade do Estado no incêndio e demolição da sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES). A sede, localizada na Praia do Flamengo (RJ), foi um dos primeiros alvos dos golpistas de 1964, e foi incendiada. Em 1980, o general João Batista Figueiredo, que ocupava a presidência da República, ordenou a demolição dos restos do prédio.



A atitude corajosa do governo Lula, que já enfurece os setores conservadores da mídia, corrige esta violência cometida contra as entidades nacionais dos estudantes brasileiros e dá mais um sensível passo no processo de consolidação e ampliação das liberdades democráticas no Brasil.



Lúcia Stumpf, presidente da UNE, festejou. “O mesmo Estado que destruiu a sede, tradicional reduto político e cultural da juventude, está agora, mais de 40 anos depois, reparando os danos causados e devolvendo aos estudantes aquilo que lhes foi tirado e que lhes é de direito”.



O presidente Lula foi o segundo chefe de estado brasileiro a visitar aquela sede, nos 71 anos de lutas por democracia, soberania nacional e justiça. O primeiro foi João Goulart, pouco antes do golpe de 64. No emocionante ato desta terça-feira, Lula também assinou o projeto de lei em que a União assume que indenizará as entidades estudantis em até R$ 36 milhões para a reconstrução da sede.



Em seu discurso, Lula reafirmou o seu compromisso com a ampliação da democracia e o respeito aos movimentos sociais. “Tenho orgulho de reparar o dano causado à UNE”, disse. Após conhecer a maquete do novo prédio, um projeto arquitetônico presenteado por Oscar Niemeyer, o presidente afirmou que estará presente quando for assentado o seu primeiro tijolo. A UNE e a UBES devem agora intensificar a campanha “Meu apoio é concreto”, para garantir a rápida tramitação do projeto de lei e já conta com a adesão de mais de 400 deputados e 50 senadores.



O reparo aos danos causados pela ditadura às entidades estudantis é uma conquista democrática da mais alta relevância. Ela se soma a outra expressiva vitória recente – o reconhecimento das centrais sindicais dos trabalhadores. Pela primeira vez na história do sindicalismo brasileiro, as centrais terão vida plena, participando das negociações dos grandes temas nacionais e contando com recursos para as suas atividades.