Com a Whipala, símbolo da Pátria, tremulando ao alto, uma gigantesca marcha tomou La Paz nesta quinta-feira (14) contra o golpe de Estado e garantiu que o Senado e Câmara da Bolívia passem a ser presididos respectivamente por Mônica Eva Copa e Sérgio Choque, do Movimento Ao Socialismo (MAS), partido do presidente Evo Morales, maioria no parlamento.
Por Leonardo Wexell Severo
Após um mês de protestos, com dezenas de milhares de manifestantes nas ruas, o Congresso do Chile anunciou, nas primeiras horas desta sexta-feira (15), um acordo histórico entre governo e oposição: será convocado para abril de 2020 um plebiscito sobre uma nova Constituição, que substituirá a atual Carta Magna, promulgada sob a ditadura de Augusto Pinochet. É uma vitória da mobilização popular que emparedou o governo neoliberal de presidente Sebastián Piñera e cobrou profundas reformas sociais.
O golpe na Bolívia, diz o ex-chanceler Celso Amorim, foi uma reação aos levantes populares no Chile e no Equador e à eleição de Alberto Fernández na Argentina e integra a disputa intestina pelo poder na América do Sul. Por experiência própria, o ex-ministro, que mediou em 2008 conflitos no país, conhece a veia “conspiratória” da oposição boliviana e a influência profunda dos Estados Unidos na região.
Por Sergio Lirio
Ao que tudo indica, o que está acontecendo na Bolívia de hoje não é um levante popular. Foram as milícias as responsáveis pelos atos que geraram a total desestabilização do sistema político boliviano. Nos dias que sucederam as eleições, inúmeros representantes do governo, do judiciário e dos parlamentares eleitos foram atacados em suas casas, com suas famílias, por milicianos e renunciaram aos seus mandatos. Não por pressão política, mas por violência explícita.
Por Luís Fernando Vitagliano*
Dos cinco continentes, a África e a América Latina são as maiores vítimas dos golpes. Na África, quase sempre é sob o comando de franceses, ingleses, japoneses. Na América Latina, é quase sempre pelos americanos, ou seja, ricos massacrando pobres. Aqui, o país mais violentado, com cerca de 193 golpes desde 1825, é a Bolívia. Mas a Venezuela já sofreu 12, o Brasil dez, a Argentina seis.
Por Aluisio Arruda*
Ela é jovem, descolada, feminista, defensora da legalização do aborto e militante de um movimento popular. Ofelia Fernández não lembra o padrão de pessoas que costumam ocupar cargos eletivos e espaços de decisão na política institucional. Mas, a partir de 10 de dezembro, ela assume como deputada de Buenos Aires, capital da Argentina. Eleita em outubro, a garota de 19 anos votou para presidente pela primeira vez no mesmo pleito em que foi eleita a legisladora mais jovem da América Latina.
Em mais um gesto de submissão ao governo Donald Trump (EUA), Ernesto Araújo, chanceler do governo Jair Bolsonaro, declarou nesta terça-feira (12) que o Brasil apoia o golpe de Estado em curso na Bolívia e reconhece a senadora Jeanine Añez como “presidente interina”. De forma dissimulada, Araújo declarou ser importante “o compromisso de convocar eleições” após a derrubada à margem da lei do presidente legítimo, Evo Morales, reeleito em 20 de outubro passado.
Este artigo do professor Eugênio Resende de Carvalho*, publicado na edição de junho de 2006 da revista Princípios, explica bem as causas do golpe atual na Bolívia. Evo Morales acabara de tomar posse como presidente, o primeiro de origem indígena. A riqueza de detalhes do autor permite uma visão histórica da quantidade de golpes naquele país, todos com as características do atual.
O golpe de Estado a que foi submetido o povo boliviano, por meio da pressão das Forças Armadas para que o presidente Evo Morales e seu alto escalão renunciasse ao governo, expõe o avanço acelerado das milícias religiosas conservadores na América Latina e o racismo delas contra os povos originários indígenas e os negros latinos.
Por Yuri Silva*
Entidades nacionais e mundiais denunciam o golpe de Estado na Bolívia contra o governo Evo Morales. Liderado pelas Forças Armadas bolivianas, a manobra levou à renúncia não só de Evo, que foi reeleito presidente no mês passado – mas também de seu vice, Álvaro Linera, e dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados. No Brasil, entidades estudantis e sindicais repudiaram o golpe. O Conselho Mundial da Paz (CMP), presidido pela brasileira Socorro Gomes, também se manifestou.
O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) divulgou, neste domingo (10), nota de sua direção nacional em solidariedade ao povo boliviano e em repúdio ao golpe “perpetrado pela direita terrorista em conluio com o imperialismo estadunidense”. Leia, abaixo.
Um tribunal em Santiago acatou uma denúncia contra o presidente do Chile, Sebastián Piñera, e outras autoridades do país, por responsabilidade em supostos crimes contra a humanidade cometidos durante a crise social que o Chile vive há quase três semanas e que matou 20 pessoas. A ação foi encaminhada por 16 advogados de organizações de direitos humanos, segundo informação divulgada na noite de quarta-feira (06/11) pela imprensa local.