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Adalberto Monteiro: A paineira

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Em fevereiro:
É uma patriota
Marcha usando uma farda verde.


 


Em maio:
É uma senhora de pudor
Veste um longo de puro rosa.


 


Entretanto, lentamente,
As mãos do vento vão lhe despindo
E, em junho:
Desfila toda nua.
E lânguida, diz:
A sensualidade não é privilégio das esguias.


 


Em julho:
Os seus galhos ficam pendentes
Tantos são os bagos, estranhos frutos.


 


Então lá pra agosto
Fica toda alva, fica noiva.
Faz a geografia ficar demente
E neva por aqui.


 


E não é que no cerrado
Ao lado de tamanduás
Se vê pingüins?