Ao que tudo indica, o que está acontecendo na Bolívia de hoje não é um levante popular. Foram as milícias as responsáveis pelos atos que geraram a total desestabilização do sistema político boliviano. Nos dias que sucederam as eleições, inúmeros representantes do governo, do judiciário e dos parlamentares eleitos foram atacados em suas casas, com suas famílias, por milicianos e renunciaram aos seus mandatos. Não por pressão política, mas por violência explícita.
Por Luís Fernando Vitagliano*
“Sim podemos”, disse Jeanine Añez ao finalizar seu discurso logo depois de se autoproclamar presidenta da Bolívia. Enquanto falava, se escutou como sussurravam pra ela o que dizer. Logo, se dirigiu ao balcão presidencial e fez uma saudação com a bandeira tricolor. Assim finalizou uma das fases mais importantes do golpe de Estado na Bolívia: construir uma ficção institucional.
Por Marco Teruggi*
Um grande setor opositor ao presidente Evo Morales vê na Whiphala um símbolo de seu governo que deve ser erradicado. Os amautas, guias de espiritualidade e sabedoria andina consideram a Whipala um símbolo, não uma bandeira. Para eles representa a Pachamama, o cosmo, os animais, as plantas, as pedras, os ancestrais, a vida em harmonia.
“Foi consumado o golpe mais desleal e nefasto da história. Uma senadora de direita golpista se autoproclama presidenta do Senado e logo presidenta interina da Bolívia, sem quorum legislativo, rodeada de um grupo de cúmplices e sustentada por Forças Armadas e policiais que reprimem o povo”.
Por Leonardo Wexell Severo, na Hora do Povo
Em mais um gesto de submissão ao governo Donald Trump (EUA), Ernesto Araújo, chanceler do governo Jair Bolsonaro, declarou nesta terça-feira (12) que o Brasil apoia o golpe de Estado em curso na Bolívia e reconhece a senadora Jeanine Añez como “presidente interina”. De forma dissimulada, Araújo declarou ser importante “o compromisso de convocar eleições” após a derrubada à margem da lei do presidente legítimo, Evo Morales, reeleito em 20 de outubro passado.
O embaixador da Bolívia no Brasil foi recebido por líderes da oposição ao governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Os parlamentares repudiaram o golpe de Estado contra Evo Morales e manifestaram solidariedade ao povo boliviano.
Por Walter Félix, do PCdoB na Câmara
O roqueiro Roger Waters somou sua voz àqueles que se solidarizam com o presidente deposto da Bolívia, Evo Morales, e desejou breve retorno para junto de seu povo. "Você levou a democracia a todos os cantos da sua terra", afirmou.
De certo, todo golpe de estado é terrorista, mas no caso Boliviano há uma forma nova.
Por Célio Turino*
O Grupo Puebla manifestou apoio ao presidente da Bolívia, Evo Morales, e pediu "respeito à ordem constitucional e à democracia em todas as suas expressões".
Álvaro Garcia-Linera é um dos mais destacados intelectuais contemporâneos da América Latina e um dos principais articuladores do projeto de governo liderado por Evo Morales. Na noite desta segunda-feira (10), opositores do governo ameaçaram atear fogo na biblioteca do vice-presidente. Com mais de 30 mil volumes, trata-se de um dos maiores e mais importantes acervos da Bolívia.
Por Mariana Serafini*
Este artigo do professor Eugênio Resende de Carvalho*, publicado na edição de junho de 2006 da revista Princípios, explica bem as causas do golpe atual na Bolívia. Evo Morales acabara de tomar posse como presidente, o primeiro de origem indígena. A riqueza de detalhes do autor permite uma visão histórica da quantidade de golpes naquele país, todos com as características do atual.
O golpe de estado que provocou a renúncia do governo de Evo Morales aumentou a tensão nas ruas da Bolívia. Em El Alto, uma manifestação com milhares de trabalhadores anunciou a resistência popular e a exigência do imediato afastamento do líder golpista Luis Camacho. Ao mesmo a repressão aumentou, resultou em dezenas de feridos e já há registro de mortos. Enquanto isso, o ex-presidente fez um chamdo à paz e protestou contra a repressão.