A postura inflexível do governo nas negociações sobre o salário mínimo deixou sequelas na relação entre as centrais sindicais e a presidente Dilma Rousseff. Poucas lideranças explicitam mais esse descontentamento do que o presidente da Força Sindical e deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).
Por André Cintra
No momento em que se debate uma política que valoriza o salário mínimo no Brasil, penso ser oportuno resgatarmos alguns aspectos dos rumos que sustentam alguns projetos político-econômicos no Brasil e no mundo.
Por Divanilton Pereira*
O governo Dilma Rousseff venceu fácil a sua primeira batalha no Congresso Nacional. A proposta de reajuste do salário mínimo para R$ 545 foi aprovada com folgada maioria pela base governista, demonstrando a força temporária desta hibrida aliança. A emenda do PSDB, que oportunisticamente propunha um aumento para R$ 600, foi rejeitada por 376 votos – nem sequer todos os tucanos votaram nela. Já a emenda do DEM, que defendia um reajuste para R$ 560, foi rejeitada por 361 votos.
Por Altamiro Borges
As centrais sindicais realizaram na manhã desta segunda-feira (14.02) um grande debate sobre a valorização do salário mínimo, reunindo sindicalistas e parlamentares estaduais e federais cearenses, entre eles o senador Inácio Arruda. Durante o evento, que aconteceu na sede do Sindicato dos Bancários, representantes das centrais pediram o apoio e o voto dos parlamentares ao salário mínimo de R4 580,00 em 2011 e a aprovação de uma política permanente de valorização desse referencial de rendimento.
Os baianos também farão parte da mobilização nacional por um reajuste do salário mínimo acima dos R$ 545 propostos pelo governo. Convocados pelas seções estaduais das centrais sindicais (CTB, CGTB, Força, NCST e UGT), trabalhadoras e trabalhadores ocuparão o Aeroporto Internacional de Salvador, a partir da 5h30, desta terça-feira (15/2), para pressionar os parlamentares baianos a votarem em piso maior.
No início do mandato da presidente Dilma Rousseff, as centrais sindicais não apenas reivindicam o aumento real do salário mínimo para atender às suas bases. O movimento pretende influenciar os rumos da política econômica do governo, sem abrir mão das conquistas históricas obtidas na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante o encontro, a política de valorização do salário mínimo e o reajuste do mesmo em 2011 serão temas discutidos pelos parlamentares e sindicalistas.
Convocados pelas centrais sindicais CTB, CUT, CGTB, Força, NCST e UGT, trabalhadoras e trabalhadores ocuparão o Congresso Nacional na próxima terça-feira (15), quando está previsto para entrar na pauta de votação o reajuste do salário mínimo. Eles querem pressionar os parlamentares a votarem um valor maior do que o proposto pelo governo, de R$545,00. As centrais defendem R$580,00.
Na primeira semana de trabalho, os deputados apresentaram 175 propostas. Os parlamentares do PCdoB são autores de várias dessas propostas. Os deputados reeleitos, a exemplo de Daniel Almeida (BA), pediram desarquivamento das matérias que são obrigatoriamente arquivados no final da legislatura. Dois parlamentares comunistas em seus primeiros mandatos – Assis Melo (RS) e Protógenes Queiroz (SP) – apresentaram propostas que faziam parte das promessas de campanha.
O deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) confirmou que, durante a campanha eleitoral, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeram a ele e a todos os presidentes das centrais sindicais um aumento do salário mínimo acima da inflação já para 2011. A essência do compromisso foi confirmada pelo presidente da CUT, Artur Henrique.
Cerca de 15 mil trabalhadores metalúrgicos participaram, na manhã desta quarta-feira (9), de paralisações organizadas pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes pela correção da tabela do Imposto de Renda, pelo aumento do salário mínimo para R$ 580 e por aumento real para as aposentadorias e pensões de valor acima do mínimo. As manifestações foram convocadas diante da falta de um acordo com o governo sobre estas reivindicações.
O secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou nesta terça-feira (8), em Dacar, no Senegal, que o reajuste do salário mínimo não é mais negociável nas conversas com as centrais sindicais. Em claro aceno à equipe econômica, o anúncio é uma das medidas mais decepcionantes e uma má sinalização do governo da presidente Dilma Rousseff, empossada há apenas 39 dias.