Usam a regulação do mercado para preservar a concorrência e impedir as interferências nefastas da proteção social aos “ineficientes”
Segundo o Banco Mundial, 70% dos empregos nos países em desenvolvimento são informais e, em um terço dessas economias, quatro em cada 10 trabalhadores cairiam na pobreza se deixassem de trabalhar.
Se o combate às desigualdades socioeconômicas nos une enquanto brasileiros, por que seguimos no topo do ranking da desigualdade mundial?
Pensamos muito no déficit do orçamento público. Mas economistas esquecem de outros déficits mais relevantes, como o de emprego, o educacional, de infraestrutura, o sanitário, o climático, além do déficit democrático, associado diretamente à desigualdade.
Quase 40% dos alunos de escolas públicas não têm computador em casa, 98% acessam a internet pelo celular, e somente 14% das escolas públicas mantém plataforma online para aprendizagem, aponta pesquisa.
O brasileiro que combateu a fome no Brasil e no mundo, reflete sobre a desigualdade e a fome em tempos de pandemia.
Rede de Pesquisa Solidária divulga estudo com informações obtidas junto a lideranças de mais de 70 comunidades, bairros, territórios e localidades de alta vulnerabilidade social em seis regiões metropolitanas
Os mapas de disseminação da Covid-19 em Campinas (SP) apontam que há uma tendência de alastramento da doença no sentido centro-periferia, com incidência de mortes entre mais jovens.
Índice de Gini cresceu após surtos, e empregos básicos perderam mais.
Instalou-se a ideia de que “nada poderá voltar a ser como antes”. Alguns pensadores são demasiado otimistas, porque nenhuma pandemia pode constituir um fator de transformação radical da sociedade. O que virá depois depois de um abalo capitalista não depende de nenhuma especulação filosófica, depende – como afirmou Lênin – da existência, ou não, «de forças sociais e políticas que o façam cair».
A considerar como marco temporal a política do “crescer o bolo para depois dividi-lo”, a população brasileira está há mais de cinquenta anos à espera de algumas gotas da riqueza acumulada pelos super-ricos.
A sociedade está diante da oportunidade de continuar avançando em direção à ampliação dos direitos sociais. E a chave está em perceber que o esforço de guerra para enfrentar as crises sanitária e econômica pode ser direcionado à redução das desigualdades e pobreza.