Hosni Mubarak poderá renunciar ao cargo de presidente do Egito ainda nesta quinta-feira (10). Dirigentes militares e políticos do país e dos Estados Unidos deram a entender, esta tarde, que a saída é uma questão de horas. Na Praça Tahrir, centro dos protestos na cidade do Cairo, o ambiente é de expectativa e festa, segundo as agências noticiosas. "O Exército e o povo estão unidos", canta-se.
A Frente em Defesa do Povo Palestino , que reúne mais de 50 instituições, entre centrais sindicais, movimentos sociais e entidades árabes-brasileiras e islâmicas, além de indivíduos solidários à causa, realiza na próxima sexta-feira (11) ato em apoio ao movimento popular no Egito contra a ditadura Mubarak, a favor da autodeterminação dos povos e da liberdade de expressão. A concentração será em frente ao prédio da Gazeta, na Av. Paulista, 900, a partir das 17 horas.
A adesão de milhares de trabalhadores aos movimentos de greve no Egito é a principal marca do 17º dia de protestos contra o ditador do Hosni Mubarak. Trabalhadores de diversos setores iniciaram greves em todo o país, incluindo funcionários do setor petrolífero, ferroviário e de telecomunicações. As mobilizações por melhores salários elevam a pressão pela renúncia imediata de Mubarak.
Na segunda-feira (7), professores da Faculdade de Direito da Universidade do Cairo realizaram uma reunião para tentar apontar os caminhos que o Egito deve seguir para dar consequência às demandas apresentadas durante as manifestações populares que pressionam pela queda do presidente Hosni Mubarak.
Durante o Fórum Social Mundial, que acontece em Dacar, no Senegal, o ex-presidente Lula faz um discurso de apoio à soberania africana e cobra das grandes potências para que haja um diálogo internacional de rearranjo de poder nas esferas de decisões políticas e econômicas multilaterais. "Precisamos transformar os problemas da África num debate mundial", afirmou Lula. Sobre o Egito fez uso de ditado popular: "água mole em pedra dura tanto bate até que fura".
No décimo sexto dia de manifestações no Egito, três pessoas morreram e cerca de cem ficaram feridas nesta quarta-feira (9) durante confrontos com a polícia, no Sul do país. Os confrontos dos manifestantes com a polícia, na cidade de el Khargo, a 400 quilômetros do Cairo, agravaram-se, depois de um policial ter xingado alguns manifestantes, segundo relatos.
Milhares de operários de fábricas estão longe do trabalho enquanto os protestos a favor da queda do regime de Mubarak continuarem. Os sindicatos realizam esta semana uma greve nacional, adicionando um ingrediente ainda mais poderoso ao movimento pró-democracia no Egito.
Estudioso de teoria democrática e das relações entre comunicação e política, Ricardo Fabrino Mendonça vê nos acontecimentos recentes em países como Tunísia e Egito uma indicação da capacidade das tecnologias digitais de dar projeção a questões políticas e criar novas possibilidades de mobilização.
Tal como aconteceu na Tunísia, também no Egito o povo não desiste de conquistar o futuro. Na segunda-feira (7), de acordo com a Al Jazeera, pelo menos dois milhões de pessoas exigiam nas ruas das principais cidades do país – com destaque para o Cairo, Alexandria ou Suez – os direitos sociais e laborais, a justiça social, a democracia e a liberdade negadas durante décadas de ditadura, como refere a nota de solidariedade divulgada pelo PCP.
O Partido Comunista Português (PCP) lançou nota em solidariedade à luta do povo egípcio que, desde o dia 25 de janeiro, tomou as ruas do país em protesto ao governo do presidente do Egito, Hosni Mubarakpor.
Em entrevista a Amy Goodman, do Democracy Now, o linguista e professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Noam Chomsky, analisa o desenrolar dos protestos no Egito e o comportamento do governo dos Estados Unidos diante deles. Na sua avaliação, o governo Obama está seguindo o manual tradicional de Washington nestas situações.
A Revolução do Jasmin na Tunísia e o levante popular para derrubar três décadas de governo do presidente egípcio Hosni Mubarak motivaram delegações no Fórum Social Mundial que acontece em Dacar, no Senegal.
Por Thandi Winston, na agência IPS