No decorrer de 2018 morreram 232 menores de cinco anos de idade por desnutrição na Colômbia, um país onde uma da cada três toneladas de alimentos que se produz vai direto para o lixo.
A fome no mundo aumentou pelo terceiro ano consecutivo. Em 2017, 821 milhões de pessoas não ingeriram a quantidade de calorias mínimas indicadas para atividades diárias. As informações foram apresentadas pelo relatório “A segurança alimentar e a nutrição no mundo”, da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado no início do mês.
Fome aumenta e alcança 821 milhões de pessoas em 2017, o que aponta um retrocesso a níveis de 2010.
Em 2017, 821 milhões de pessoas foram dormir sem comer o mínimo necessário no mundo. Deste total, 5,2 milhões são brasileiros. O país, que havia saído do Mapa da Fome há três anos, retrocedeu após o golpe.
O Governo Temer enviou na última sexta-feira (31), proposta de orçamento para o exercício de 2019 com um corte de 50% no Programa Bolsa Família. Isso significa que 22 milhões de pessoas serão excluídas do benefício e R$ 26,25 bilhões que deixarão de ser injetados na economia, aponta a ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello.
Em artigo, o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o brasileiro José Graziano da Silva, relatou preocupação em relação a possível volta do Brasil ao mapa da fome. Segundo ele, o incremento da pobreza extrema (11%) pode refletir no aumento do número de pessoas que passam fome no país.
O brasileiro José Graziano da Silva, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), está no seu segundo mandato à frente do organismo da ONU, obtendo na sua reeleição o maior número de votos da história da agência – 177 dos representantes de 182 países.
Dentro de algumas semanas será divulgado o Mapa da Fome no Mundo. O relatório anual é produzido pela Organização da Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), uma agência da ONU para acabar com a fome e a má nutrição no planeta. O “mapa” destaca os países em que 5% da população ou mais não conseguem consumir diariamente a quantidade mínima de calorias para ter uma alimentação considerada saudável.
Entre os anos 1930 e 1970, o médico, cientista social e escritor pernambucano Josué de Castro, falecido em 1973, na França, onde ficou exilado em função das sanções impostas pela ditadura militar brasileira, lutou bravamente pela erradicação da fome. Dizia que o fenômeno da fome tinha chegado aos seus olhos por meio dos mangues, ao longo do rio Capibaribe, nos bairros miseráveis do Recife.
Por Fabianna Freire Pepeu*
Para a nutricionista Patrícia Jaime, a saída do Brasil do Mapa da Fome estava ligada ao processo ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e à redução da mortalidade infantil. Mas agora especialistas apontam que cortes nos programas sociais, a adoção de políticas neoliberais, o desemprego e a precarização do trabalho podem fazer com que o Brasil volte ao Mapa.
O Brasil está na iminência de um vergonhoso retorno ao mapa da fome da ONU (Organização das Nações Unidas), de onde tinha saído em 2014. Com a entrada do governo golpista de Michel Temer, a partir de 2016, os investimentos sociais deixaram de ser prioridade e o corte em programas como o Bolsa Família ou o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) afetou diretamente famílias como a da mineira Maria Joana.
Tema volta com força a campanhas da ONU e preocupa entidades no Brasil, como a Fiocruz. Desemprego e cortes nos programas Bolsa Família e de Aquisição de Alimentos podem recolocar país no mapa da fome.