O Brasil e Cuba irão juntar esforços para reestruturar e fortalecer o sistema de saúde do Haiti. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, em visita a Cuba e ao Haiti no final de semana (27 e 28), assinou acordo de cooperação internacional tripartite, em que o Brasil financia e fornece infraestrutura para ações e serviços, enquanto Cuba participará, principalmente, com o envio de pessoal especializado e apoio operacional.
Para além da imprescindível ajuda financeira para a reconstrução, a conferência internacional sobre o Haiti, a celebrar-se amanhã na ONU, deve atender também à reabilitação e desenvolvimento institucional desse devastado país.
Conheça o vídeo da TV Cuca sobre o Haitivismo. A campanha pretende desconstruir no imaginário do povo brasileiro a ideia errada que se faz do Haiti para construir uma mais próxima da realidade do país. O desafio da reconstrução simbólica se soma ao desafio real de reedificação do país arrasado por recentes terremotos. Para lideranças da UNE, o sentimento de solidariedade ao Haiti não deve ser apenas eventual, mas sim permanente.
Os ex-presidentes dos Estados Unidos Bill Clinton e George W. Bush chegaram nesta segunda-feira (22) ao Haiti, para uma visita de um dia, em meio a sentimentos opostos pela presença de Bush, que não goza de muitas simpatias em Porto Príncipe, capital do país.
O pior terremoto dos últimos anos no Haiti, registrado no dia 12 de janeiro atingindo 7,0 graus na Escala Richter, fez o país recuar aos níveis de pobreza de quase uma década atrás. A análise é da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). De acordo com a Cepal, 71% da população do Haiti vivem na linha de extrema pobreza. Nesta segunda, o Banco Interamericano de Desenvolvimento anunciou que perdoará a dívida do Haiti.
O panorama é perverso: análises de economistas e dirigentes de organizações campesinas mostram que a ajuda internacional, motivada pelos desastres naturais, aumenta o grau de dependência das importações e não permite o fortalecimento da produção agrícola haitiana, conforme explicou o professor de história José Luis Patrola.
O presidente do Haiti, René Préval, tem encontro, nesta quarta, com o seu colega dos Estados Unidos, Barack Obama, para falar sobre o avanço das tarefas de reconstrução do país caribenho após o terremoto do dia 12 de janeiro. Préval já adiantou que deve agradecer o apoio enviado pelos norte-americanos, mas também destacar que a ênfase da ajuda humanitária deve ser a criação de empregos e o incentivo ao comércio local.
O Comitê Cearense de Solidariedade ao Povo do Haiti, criado pela Secretaria da Saúde do Estado, arrecadou 15 toneladas em doações de medicamentos. Foram levados à população do Haiti, vítima do terremoto do dia 12 de janeiro deste ano, neste domingo, 7, no navio Garcia D’Ávilla, da Marinha do Brasil.
Se acreditamos nos Ministros das Finanças do G-7, então o Haiti está a caminho de receber algo que já merecia há muito tempo: o "perdão" da sua divida externa. Em Port-au-Prince, o economista haitiano Camille Chalmers tem seguido estes acontecimentos com um otimismo cauteloso.
Por Naomi Klein*, em The Nation
Ao convocar os credores internacionais para que anistiem ou perdoem a dívida do Haiti de aproximadamente US$ 1,3 bi, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforça mais ainda o protagonismo do país no cenário mundial. O gesto, segundo especialistas, vai muito além da retórica uma vez que as ações brasileiras naquele país são concretas.
Há pouco mais de um mês do dramático terremoto que, em janeiro, pode ter matado cerca de 200 mil pessoas, a opinião pública mundial não pode – nem deve – esquecer o Haiti. É justamente agora que o relógio da sobrevivência cobra maior agilidade e decisão para reconstruir o que desabou e resgatar a sociedade de uma nefasta espiral de privação e empobrecimento.
Por José Graziano da Silva*, em Valor Econômico