O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, pediu aos presidentes da América que reiterem seu repúdio ao golpe de Estado e não reconheçam as eleições convocadas para o próximo domingo, 29 de novembro. Segundo Zelaya, aceitar o resultado de um pleito fraudulento significaria legitimar o golpe que o tirou do poder em 28 de junho.
Enquanto o governo golpista de Roberto Micheletti intensifica a campanha para incitar a população hondurenha a votar e faz contagem regressiva para as eleições do dia 29 de novembro, candidatos da esquerda desistem das candidaturas.
Por Daniella Fernandes, no Opera Mundi
A decisão dos EUA de reconhecer as eleições do próximo dia 29 em Honduras, mesmo sem a recondução do presidente deposto Manuel Zelaya, criou um racha no continente, já que a imensa maioria dos países se recusa a aceitar as eleições sem a volta de Zelaya. A mudança na atitude americana está gerando críticas.
A chanceler de Honduras, Patricia Rodas, advertiu nesta sexta-feira (20) que os Estados Unidos procuram estabelecer o golpe de Estado em seu país como um precedente na luta contra governos independentes na América Latina.
Contraditório com a decisão de seu país de condenar o golpe, o enviado dos EUA a Honduras, Craig Kelly, defendeu nesta quarta-feira (19) a realização da eleição presidencial do próximo dia 29. O respaldo ao pleito aconteceu apesar do rompimento das negociações entre o governo golpista e o presidente deposto Manuel Zelaya. Já os governos brasileiro e argentino declararam que não reconhecerão o resultado das eleições de Honduras a menos que Zelaya seja restituído antes da votação.
"Quanto tempo você dá ao próximo presidente de Honduras? Não lhe parece um escárnio convocar eleições para que as forças armadas o derrubem quando quiserem, como fizeram com o presidente anterior?", é o que questiona o presidente de Honduras, José Manuel Zelaya, nesta entrevista, em seu 57º dia como hóspede na embaixada brasileira.
Congresso hondurenho só votará o tema da restituição do presidente deposto Manuel Zelaya após as eleições presidenciais de 29 de novembro. Escancarando de vez a tática golpista de retardar um acordo para tentar legitimar o golpe nas urnas, o presidente do Legislativo, José Alfredo Saavedra, anunciou nesta terça-feira (17) que convocará sessão para o dia 2 de dezembro, três dias após o pleito.
O presidente hondurenho deposto Manuel Zelaya afirmou, nesta terça-feira (17), que os Estados Unidos fizeram um acordo com o presidente interino, Roberto Micheletti, para tentar "fazer a lavagem" do golpe de Estado de 28 de junho.
A Frente Nacional de Resistência Contra o Golpe de Estado reuniu, na tarde de domingo (13), em Tegucigalpa, entidades e sociedade civil para elaborar estratégias de boicote às eleições gerais do próximo dia 29 de novembro. No sabado, 15 organizações juvenis anunciaram sua não participação no processo eleitoral, qualificado como fraudulento, difamante, mentiroso e ilegítimo.
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, disse neste sábado (14) em carta ao presidente americano, Barack Obama, que não aceitará mais nenhum acordo para ser restituído à Presidência se isto implicar em "encobrir o golpe de Estado" sofrido por ele em junho deste ano.
A crise hondurenha finalmente se resolveu “pelo lado mau”: a consolidação do regime golpista e a institucionalização das eleições ilegítimas que terão lugar no próximo dia 29 de novembro.
Por Atilio Boron, em seu blog
Tradução: Camila Souza Ramos, na Fórum
A Frente Nacional contra o golpe de Estado em Honduras realizará nesta sexta-feira (13) uma assembléia de suas organizações para coordenar ações frente ao que denunciou como farsa eleitoral do regime golpista. A vasta aliança de forças progressistas já havia adiantado desde agosto passado que não reconheceria as eleições do próximo dia 29 se não fossem restituídos a ordem constitucional e o presidente Manuel Zelaya, deposto em 28 de junho.