Em discurso na sessão de votação da admissibilidade do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff no Senado, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) defendeu que a aprovação do impedimento, sem crime de responsabilidade, será um atentado à Constituição e um golpe parlamentar. Segundo ela, tal desfecho dividirá o país, pois haverá resistência popular. “O povo não aceitará um presidente ilegítimo, um presidente biônico”, disse.
“O meu voto, que declaro agora, é contra a besteira monumental, a asneira do impeachment da Presidenta da República nesse momento”, disse o senador Roberto Requião (PMDB-PR), em seu discurso na sessão que analisa a admissibilidade do pedido de impeachment da presidenta Dilma, nesta quarta-feira (11), no Senado. Segundo o senador, o que ocorre é um “’referedum revogatória’ por parte do Congresso Nacional e como tal não está previsto na nossa Constituição.
Para um auditório lotado de funcionários do Ministério da Educação, o ministro Aloizio Mercadante disse que "hoje é um dia de luto para a democracia", diante do iminente afastamento da presidenta Dilma Rousseff pelo Senado. "Se, não estou dizendo que será, mas se a presidenta for afastada, eu saio com ela imediatamente", disse o ministro. "Consultei todos os secretários e todos disseram, saio com você", acrescentou.
Deputados do PCdoB e do PT deram início, nesta quarta (11), a um movimento para denunciar a ilegitimidade do processo de impeachment e de um provável governo Michel Temer (PMDB-SP). Em entrevista coletiva no Salão Verde da Câmara, as parlamentares que compõem a Frente em Defesa da Democracia destacaram sua disposição de manter a mobilização contra o golpe em curso e fazer oposição a uma eventual gestão do atual vice-presidente.
Ciente de que a agenda defendida pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) para um eventual governo é prejudicial ao povo e irá desagradar vários setores da população, o senador e dirigente nacional do PSDB, Aécio Neves, disse, nesta quarta (11), que o peemedebista "não tem que se preocupar com a popularidade".
Cerca de três mil participantes da 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que ocorre em Brasília, caminhavam neste fim de tarde (11) rumo ao Senado Federal, onde ocorre a sessão que deverá afastar a presidente da República, Dilma Rousseff.
Em entrevista à BBC Brasil, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) ressaltou que o caso do impeachment fraudulento contra a presidenta Dilma Rousseff deve ser levado à Corte Interamericana de Direitos Humanos. Sobre a atitude do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), Flávio Dino disse que "talvez a convicção dele fosse outra, mas preferiu aderir à maioria. Fazer parte dessa marcha da insensatez é mais fácil do que tentar contê-la", acrescentou.
“Estamos vivendo hoje um momento histórico e vergonhoso”, falou o senador Telmário Mota (PDT-RR) na sessão do impeachment que acontece nesta quarta-feira (11), no plenário do Senado e lembrou ainda de duas palavras que nunca foram tão faladas, “a Constituição” e “a Democracia”, porém, disse o senador, elas não estão sendo respeitadas.
Para o economista e professor da Unicamp, Luiz Gonzaga Belluzzo, o impeachment da presidenta Dilma Rousseff significa “uma ruptura nas normas de convivência democrática e, sobretudo, uma atrocidade contra a soberania do sufrágio universal”. Nesse sentido, avaliou Belluzzo, o governo do vice Michel Temer será “ilegítimo”, e o país viverá um período de “confusão e turbulência”, que lhe “custará muito caro”.
Por Joana Rozowykwiat
Para a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o processo de impeachment em curso no Senado "serve a uma farsa histórica". "Nenhum outro presidente será medido pela mesma régua que a presidenta Dilma está sendo medida", disse. Ela criticou ainda a falta de um projeto de nação da oposição, que escolheu o impeachment como atalho para se chegar mais rápido ao poder. Para Gleisi, "o sistema político é patriarcal e intolerante e quer arrancar do poder a primeira mulher eleita para presidir o nosso país".
A preocupação de senadores governistas de que a votação da admissibilidade do pedido do impeachment no Senado reproduzisse o “circo de horrores” da votação na Câmara e não se concentrasse nos aspectos jurídicos da acusação era procedente. Os primeiros oposicionistas que usaram os 15 minutos a que têm direito na sessão desta quarta-feira (11) fizeram discursos raivosos contra o PT e a presidenta Dilma Rousseff, destacando aspectos políticos para o impedimento da presidenta eleita.
A Executiva Nacional do PSB decidiu nesta terça-feira (10) que a direção do partido não vai indicar nem chancelar nomes para compor o ministério de um eventual governo de Michel Temer (PMDB). O partido, que orientou sua bancada a votar a favor do impeachment, evita, assim, se associar a um governo ilegítimo que terá ajudado a chegar ao poder.